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A relação de montanhas-russas e pedra nos rins: as pérolas do IgNobel 2018

Cientistas também têm senso de humor. Pelo menos uma vez por ano

Por Guilherme Eler
Atualizado em 17 set 2018, 16h25 - Publicado em 14 set 2018, 20h37
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  • Todo ano, desde 1991, a ciência tira sarro da própria ciência. Há uma data especial dedicada só para isso, inclusive: a cerimônia de premiação do IgNobel, que condecora as pesquisas mais estapafúrdias da academia – “que fazem rir, e depois, pensar”.

    O último encontro foi realizado na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, em 13 de setembro. Nele, uma nova leva de dez estudos, após ser rigorosamente avaliada por uma comissão de 40 jurados, foi premiada com a tradicional importância de 10 trilhões de dólares… do Zimbábue, onde a moeda tem valor irrisório.

    Como você já deve ter sacado, o nome do concurso faz uma referência direta ao prestigiado Prêmio Nobel, que avalia descobertas científicas *sérias*. A palavra ignóbil, em bom português, quer dizer infame (rs). “Os prêmios têm a intenção de celebrar o incomum, o inovador – e estimular o interesse das pessoas em ciência, medicina e tecnologia”, diz a organização do IgNobel, em seu site oficial.

    Durante a cerimônia, os ganhadores tinham 60 segundos para explicarem seus projetos campeões. Era o tempo que levava até uma garotinha de 8 anos interpelar, enfastiada com o falatório: “Pare. Estou entediada”.

    Toda a brincadeira é organizada pela revista de humor científico Annals of Improbable Research (Anais da Pesquisa Improvável). A maioria das categorias muda a cada ano. “Medicina” e “Paz”, no entanto, são duas que costumam sempre ter lugar cativo.

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    Completam a lista: antropologia, química, literatura, nutrição, medicina reprodutiva, economia e educação médica.

    Esta última, em 2018, foi vencida pelo Dr. Akira Horiuchi. O pediatra japonês (da foto que você vê acima) testou um novo método de colonoscopia – um exame que detecta problemas no intestino, para o qual uma câmera é enfiada… Bem, pelo buraco debaixo. Até aí, nada fora do comum – com a exceção de que o método da doutora é uma autocolonoscopia. Ou seja: o paciente, sentado, faria o exame em si mesmo.

    Outros premiados acompanham o nível de bizarrice. Uma pesquisa analisa os benefícios de descontar a raiva do chefe em bonecos de voodoo (prêmio Ignobel de Economia!). Outra avalia as carências nutricionais de uma dieta canibal (essa ficou com o troféu de Nutrição).

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    Na categoria Medicina, o campeão investigava como tratar pedras nos rins por meio de passeios de montanha-russa. O estudo estima a velocidade com que as pedras se deslocam nos rins de passageiros que escolhem andar no brinquedo sentados nos bancos da frente. A efeito de comparação, os resultados foram contrastados com aqueles que preferem o banco de trás.

    A pesquisa é assinada por Marc Mitchell e David Wartinger e foi publicada no Jornal Americano de Osteopatia em 2016. Caso tenha se interessado pelo assunto e queira testar em sua próxima ida ao parque de diversões, o estudo completo está disponível neste link. Spoiler: puxar a fila e ir à frente de todo mundo se mostrou um mal negócio.

    Após testar modelos de rins impressos em 3D em 20 descidas na montanha-russa Big Thunder Rail Road, uma das atrações da Disney, em Orlando, Estados Unidos. Quem ia na parte de trás tinha taxa de sucesso 64% na hora de expelir as pedras. Na frente, esse número era de 17% dos casos.

    Na edição de 2018, nenhum brasileiro ganhou prêmio. No ano anterior, o Brasil arrematou quatro títulos: um biólogo da Universidade Federal de Lavras foi o campeão na sua categoria, e em nutrição, três pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco ficaram com a honraria.

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