Se tem um bicho que não tem medo de “levar toco”, este é o macho de aranha saltadora. Na balada da vida selvagem, eles costumam tentar conquistar toda e qualquer fêmea que veem pela frente – até as que não são da sua espécie. Mesmo sem a garantia de que terão sucesso, testam com cada uma um flerte elaborado, cheio de movimentos frenéticos e uma cantoria bem particular. Esse comportamento sem noção, no entanto, tem função ainda mais nobre do que evitar o trauma da rejeição: impedir que a potencial parceira se irrite com a insistência e parta para a briga.
Ao mesmo tempo que atirar para todos os lados aumenta a probabilidade de sucesso, a chance de arrumar encrenca também sobe consideravelmente. Ser pouco seletivo, no entanto, não é uma escolha. As aranhas saltadoras macho não tem a habilidade de identificar se a fêmea que tentarão cortejar é da mesma espécie – o que pode ser fatal.
De acordo com a pesquisa, publicada no periódico científico PLOS One, cerca de 18% dos machos acabam sendo atacados durante essas tentativas de aproximação. Isso acontece porque elas, além de mais irritadiças, são normalmente maiores e melhores caçadoras.
Para não virarem estatística, os machos apostam na autoconfiança. E ela começa pela aparência: diferentemente das fêmeas, feitas em um marrom desbotado, eles têm detalhes coloridos na cabeça e patas. Para chamar ainda mais atenção, os barulhos e movimentos frenéticos completam o pacote. Aí é torcer pelo melhor. Esperar que a performance conquiste a respectiva, ou na pior das hipóteses, possa intimidá-la, fazendo-a desistir da ideia de atacar.
Analisando a côrte e cópula dessas aranhas, os pesquisadores encontraram 42 interações diferentes. Mais da metade delas foi entre indivíduos maduros sexualmente, o que mostra a complexidade do processo de conquista, que leva grande parte da vida para ser aperfeiçoado. Foi escolhido para análise o gênero Habronattus, que conta com cerca de 100 espécies de aranhas saltadoras. Os pesquisadores da Universidade da Flórida e da Arizona State University focaram no estudo de quatro delas (H. clypeatus, H. hallani, H. hirsutus, e H. pyrrithrix).
A dancinha que os machos fazem e o seu comportamento insistente podem ser observados neste vídeo, publicado pelo Daily Mail. Graças a essa brincadeira de esconde-esconde, há uma possibilidade deles não virarem jantar – e quem sabe, iniciar uma breve, mas intensa, história de amor.