Pesquisadores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) estudavam dados de satélites do Inpe, e deram de cara com uma surpresa: perceberam que várias das áreas de floresta amazônica registradas durante as varreduras do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais tinham árvores com mais de 80 metros de altura, um número muito maior que o normal amazônico – antes disso, a maior árvore registrada ali tinha 70 metros de altura.
O fenômeno foi observado em várias áreas, a maioria em lugares remotos e de difícil acesso, entre os Estados do Amapá e Pará, nas proximidades do Rio Jari – afluente do rio Amazonas.
Os pesquisadores analisaram um total de 594 árvores, sempre com base nas imagens de satélite do Inpe, e no meio delas, estava o angelim de 88,5 metros. Curiosamente, ele não está sozinho: fica numa área em que outros sete angelins com mais de 80 metros de comprimento. Mais: segundo o estudo, a média de altura das árvores dessa região específica é de 75 metros.
Esse antro de espécies gigantes é acessível apenas através de helicópteros militares ou em pequenos barcos que atravessam o Jari, um rio não muito amigável: seu curso de água flui rápido e fica em uma região cheia de cachoeiras. Mesmo assim, os pesquisadores fizeram questão de ver as gigantes in loco.
Após um planejamento cuidadoso, usando os dados do Inpe para identificar a localização exata das árvores, os pesquisadores partiram para uma expedição que os levou mais de 220 quilômetros adentro da floresta tropical. Após cinco dias, entre viagens de barco e a pé, a equipe encontrou várias das gigantes, e colheram amostras para estudá-las em laboratório.
Tudo isso foi documentado no periódico Frontiers in Ecology and the Environment. Os pesquisadores afirmam no estudo que não sabem ao certo o que levou essas árvores, que costumam ter “só” 60 metros, a tais alturas. A idade exata doas angelins ainda não foi medida, mas os pesquisadores acreditam que tenham algo entre 400 a 600 anos.