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As montanhas da Nova Zelândia onde as aves vão para morrer

Populações derradeiras de certas espécies de pássaros não voadores migram para ficar longe dos humanos. Entenda.

Por Victor Bianchin
Atualizado em 29 jul 2024, 15h44 - Publicado em 29 jul 2024, 15h42
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  • A ideia do “cemitério de elefantes”, um lugar mítico onde esses mamíferos iriam durante a velhice para morrer, tem origem em histórias de grupos nativos africanos, mas se espalhou pelo mundo durante o século 19, levada pelos colonizadores europeus.

    Apesar do aspecto romântico, é uma história com pouca substância: nunca houve provas da existência desse ou de outros lugares do tipo – até agora.

    Uma nova pesquisa do Instituto de Meio Ambiente da Universidade de Adelaide, publicada na revista Nature, descobriu que duas montanhas da Nova Zelândia (o Monte Aspiring, no sul do país, e a cadeia montanhosa Ruahine, ao norte) são o destino final de certos pássaros – e não apenas como indivíduos, já que se concentram ali as populações finais de determinadas espécies. 

    Os cientistas estudaram seis espécies distintas de moa, um grupo de aves nativas que não voam, todas elas já extintas. As pesquisas mostram que, apesar de grandes diferenças em ecologia, demografia e época de extinção, as espécies apresentaram comportamento semelhante: a distribuição de seus últimos indivíduos convergiu nessas mesmas duas áreas.

    “Nossa pesquisa superou desafios logísticos do passado para rastrear as dinâmicas de população das seis espécies de moa em resoluções não consideradas possíveis antes”, afirmou em comunicado Damien Fordham, professor da Universidade de Adelaide e um dos autores do estudo. “Fizemos isso combinando modelos computacionais sofisticados com extensos registros fósseis, informação paleoclimática e reconstruções inovadoras da colonização e expansão dos humanos pela Nova Zelândia.”

    Por que essas montanhas? Segundo os cientistas, elas seriam um “santuário isolado” para essas populações em declínio, longe da interferência humana. As espécies de moa teriam optado por esses lugares mesmo com o revés de terem temperaturas mais baixas.

    “O fator chave em comum entre refúgios do passado e do presente não é que sejam habitats ideais para aves que não voam, mas sim que continuam sendo os menos impactados pela humanidade”, afirmou o Dr. Jamie Wood, outro pesquisador envolvido.

    Hoje, essas localidades abrigam a maior parte das populações remanescentes do tacaé-do-sul, da weka e dos quiuís. Além disso, abrigam também as últimas populações continentais do kakapo, espécie criticamente ameaçada – e que você talvez conheça graças a este vídeo da BBC:

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    Os pesquisadores acreditam que o estudo oferece percepções importantes para esforços de conservação das aves não voadoras da Nova Zelândia, ressaltando a importância de proteger locais remotos e selvagens. Além disso, provê um importante novo método de entender fenômenos de extinção em ilhas onde registros fósseis e arqueológicos são limitados, o que é o caso para a maioria das ilhas do Pacífico.

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