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Bactérias :a vida é uma grande família

Bactérias, sagüis, sequóias e pessoas têm tanta coisa em comum que, pelo visto, só podem descender de um único tataravô.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 31 out 2007, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

Os cientistas o apelidaram de Luca, mas você pode chamá-lo de “vovô”. Aliás, você e todos os outros seres vivos: Luca é a sigla de “último ancestral comum universal” – ninguém menos que o microrganismo que, há uns 4 bilhões de anos, teria dado origem a todos nós.

Vamos admitir, logo de saída, que o vovô Luca é hipotético – afinal, ele existiu num tempo em que só havia criaturas de uma só célula no planeta, e esse tipo de ser aquoso, molenga e microscópico deixa poucos traços fósseis. Mas isso não faz dele algo menos real. As razões para acreditarmos num Luca são de outra ordem.

Uma delas é a que faria todos nós trocar as camisetas “100% Negro” ou “100% Branco” que existem por aí por uma com os dizeres “98% Chimpanzé”. Pois o nosso grau de semelhança genética com esses macacos africanos fica, de fato, nessa faixa – e não só nos pedaços de DNA que servem para alguma coisa. O nosso genoma e os dos bichos são quase idênticos até em áreas que são pura tralha. O padrão se repete conforme analisamos espécies animais mais distantes. Uma mosca-das-frutas ainda tem 50% de semelhança conosco.

Mais importante ainda, todas as formas de vida falam a mesma língua molecular. A semelhança citada acima cai muito quando chegamos às bactérias. Mas, como nós, elas dependem do DNA para transmitir informação genética. Traduzem essa informação do mesmo jeito, usando o “alfabeto” molecular segundo o qual cada 3 “letrinhas” de DNA equivalem a um dos 20 tipos de componentes das proteínas.

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Todo esse sistema-padrão de funcionamento celular é complicado demais, improvável demais (e algumas vezes ineficiente demais) para ter surgido por acaso ou por milagre, mais de uma vez, separadamente, no nosso planeta. É bem mais provável que ele tenha se transmitido de uma geração à outra da árvore da vida, como uma preciosa herança de família.

Origem nas profundezas

Charles Darwin achava que a mais antiga forma de vida na Terra vivera em um “laguinho morno” e cheio de nutrientes, uma espécie de sopa onde a vida teria sido farta e fácil. Os cientistas de hoje, porém, já não têm tanta certeza. Algumas das criaturas mais primitivas hoje, como certas bactérias, preferem viver em chaminés vulcânicas no fundo do mar, onde a coisa é um bocado quente – acima da temperatura na qual a água ferve. Já outros vêem uma origem subterrânea para Luca, uma vez que no passado remoto a superfície da Terra vivia sendo atingida e destruída por meteoritos e cometas. As profundezas podiam ser mais seguras.

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