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Cientistas descobrem caspa de 125 milhões de anos em dino com 4 asas

Quando os dinossauros do período Cretáceo largaram as escamas em prol das penas, ganharam de brinde um velho conhecido dos cabelos humanos

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 Maio 2018, 13h45
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  • Jânio Quadros não era o único dinossauro com caspa no paletó: o fóssil de um pequeno réptil voador que cruzou os céus há 125 milhões de anos revela que o dito cujo já sofria com os constrangedores flocos de neve capilares.

    O microrraptor (Microraptor zhaoianus), descrito pela primeira vez em 2003, era carnívoro e tinha o tamanho de um urubu. Além de ter o corpo revestido de penas — mais uma evidência de que os dinossauros do Cretáceo são antepassados dos pássaros contemporâneos —, ele ostentava outra característica notável: um segundo par de asas nos pés, que lhe davam uma inegável pinta de Pokémon. Não se sabe se ele era capaz de decolar a partir do chão ou se usava as quatro asas para planar, como um esquilo-voador.

    O fóssil examinado no estudo foi retirado de um sítio arqueológico na província de Liaoning, no nordeste da China. O local é famoso por ter condições geológicas ideais para a preservação de animais pré-históricos. O microrraptor era comum na região, e hoje, centenas de espécimes do caçador chinês fazem parte do acervo de museus do mundo todo. A caspa, porém, havia passado despercebida.

    Quem notou a dita cuja no microscópio foi uma equipe internacional liderada por Maria E. McNamara, da Universidade de Cork, na Irlanda, que publicou um artigo científico na Nature. “Esses são os únicos fósseis de casca conhecidos”, afirmou a pesquisadora ao The Guardian. “Até agora, não tínhamos nenhuma evidência de como a pele dos dinossauros era trocada.”

    Os répteis de hoje em dia trocam de pele periodicamente. Às vezes, como no caso das cobras, o revestimento sai todo de uma vez só. Já as tartarugas fazem a manutenção do casco placa por placa. Você, ser humano, também troca de pele — a diferença é que ela é substituída mais discretamente, célula por célula. Nossos flocos de epiderme morta são microscópicos, e caem por aí sem ninguém notar.

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    Por uma série de motivos, alguns ainda não tão bem compreendidos pelos médicos, a pele do escalpo às vezes começa a soltar pedaços maiores. Se eles crescerem o suficiente, se tornam visíveis a olho nu. Voilà: caspa. A caspa é composta de células mortas e sem núcleo chamadas corneócitos, que são preenchidas por queratina — a proteína rígida que compõe suas unhas e cabelos.

    Os dinossauros que desenvolveram penas precisaram abandonar os métodos de manutenção de escamas tradicionais em prol de uma tática de renovação de pele mais próxima da nossa. E aí, é claro, passaram a sofrer com o mesmo problema. Prova disso é que os pássaros de hoje dia têm caspa, exatamente como os mamíferos. 

    Fósseis de beipiaossauro e sinornitossauro — outros dinos da mesma época, coletados no mesmo sítio arqueológico, também continham indícios de caspa, reforçando as conclusões. A China pré-histórica, ao que tudo indica, teria sido o paraíso das propagandas de shampoo.

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