Cientistas da Universidade Columbia, nos EUA, inseriram uma sequência de genes em bactérias da espécie E. coli – e, ao fazer isso, armazenaram 72 bytes de dados no código genético delas. Usar o DNA para gravar dados não é uma novidade, mas isso costuma ser feito com o código genético isolado, não dentro de um ser vivo.
O armazenamento de dados em DNA funciona mais ou menos da seguinte forma. Primeiro, os cientistas devem converter as sequências do sistema binário (0 e 1), usadas na informática, para combinações das quatro bases nitrogenadas presentes na molécula (adenina, guanina, citosina e timina). Esse processo é feito com uma máquina chamada sintetizador de DNA.
A precisão dela vai caindo à medida que o código fica mais longo. Por isso, é necessário dividir o arquivo digital em vários blocos, espalhados por vários trechos do DNA. Eles recebem marcações para que, quando os dados forem lidos com um sequenciador de DNA, seja possível remontar o arquivo completo.
No novo estudo, os cientistas americanos usaram uma técnica diferente. Eles empregaram o sistema de edição de genes CRISPR para inserir sequências de DNA nas células bacterianas.
A bactéria usada foi a E. coli, geralmente encontrada no intestino de animais endotérmicos (de sangue quente). Usando o DNA, os cientistas conseguiram codificar um texto de 72 bytes que dizia “Olá, mundo!”. As bactérias sobreviveram – e, em tese, poderiam transmitir a informação a suas descendentes. Ou seja: gravar dados em organismos vivos poderia servir como um método de armazenamento perene, em que as informações se propagam junto com a reprodução daqueles seres.
Mas a técnica ainda é extremamente incipiente: está longe de ser uma ferramenta viável para uso em larga escala. Os cientistas precisam refinar o processo, descobrindo maneiras de evitar que os dados se percam caso as bactérias sofram mutações. De toda forma, estes podem ser os primeiros passos de uma tecnologia útil no futuro.