Não, os pterossauros não pertencem à família dos dinos, embora todo mundo goste de juntá-los no mesmo balaio. Muito pelo contrário: na verdade, eles são tão parentes de T-rex e sua trupe quanto você, leitor, é de um canguru. Quem viu Jurassic Park, porém, sabe que eles conviveram com os grandalhões extintos e, pelo menos na aparência, se assemelhavam muito a um dinossauro – o que ajuda a explicar toda a confusão.
O fato é que, mesmo sem poder assinar seus nomes com “sauro”, como seus primos distantes, os pteranodontes foram répteis alados que conseguiram a proeza de dominar os céus no fim do Cretáceo. E, antes de morrerem com toda a fauna do período, pareciam viver muito bem, obrigado.
Um exemplo que ajuda a confirmar tal sucesso foi anunciado essa semana, em um estudo publicado na revista Science – que tem, inclusive, participação brasileira. Graças ao trabalho, sabemos agora a localização do maior santuário de pterodáctilos que se tem notícia, chamado também de ‘maior acervo arqueológico de vertebrados extintos’. O ninho fica nos arredores da cidade de Turpan, noroeste da China. Entre 2006 e 2016, 215 fósseis de ovos incrivelmente preservados foram descobertos no sítio – 16 deles, inclusive, ainda tinham os embriões em seu interior.
Analisando a estrutura desses materiais a partir de tomografia computadorizada, os pesquisadores confirmaram suas suspeitas: pterodontes tinham ovos finos e delicados, mais parecidos com os de cobras e lagartos do que com os de pássaros (de casca mais rígida). A técnica revelou também que os fetos dos bichos não estavam bem ossificados. “Isso demonstra que, quando essas animais nasciam, eles poderiam andar, mas possivelmente não poderiam voar. Essa é uma informação inédita. E isso implica no cuidado parental. Ou seja, os pterossauros recém-nascidos, pelo menos nessa espécie, precisavam de algum acompanhamento dos pais para sobreviver”, explicou Alexander Kellner, um dos autores do estudo, em entrevista à EBC.
Os filhotes de pterossauro estavam em diferentes estágio de desenvolvimento, mas pertenciam todos à mesma espécie: Hamipterus tianshanensis. Estima-se que esses répteis tenham habitado essa região da China há pelo menos 120 milhões de anos. Na versão adulta, sua altura poderia atingir cerca de 1,2 m e, considerando a distância entre a ponta de uma asa até a outra, sua envergadura era de até 3,5 m. Ostentando uma bela crista colorida, a espécie também tinha dentes afiados, que usava para capturar peixes.
Sempre teve vontade de ver um deles de perto? Réplicas de ovos e alguns ossos originais dos pterossauros encontrados pelo estudo estão disponíveis para visitação no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, desde 1/12/17. O horário de visitação do público é das 10 h às 17 h e, a partir de 16 h, a entrada é gratuita.