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E se… não houvesse estações?

A luta na Rússia teria sido rápida, como planejado por Hitler. E ficaria difícil calcular a data da Páscoa.

Por Manuela Aquino
Atualizado em 2 fev 2018, 16h13 - Publicado em 30 jun 2003, 22h00
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  • A Alemanha teria tido uma chance contra a Rússia na 2a Guerra Mundial – e Napoleão, no século 19, também. Afinal, ambos perderam (um, 600 mil homens, o outro, 300 mil) para um importante vilão: o inverno russo. Mas muitas outras coisas seriam diferentes se não existissem as quatro estações do ano tal qual as conhecemos hoje.

    A distribuição das estações é mantida por um acaso astronômico, definido há bilhões de anos: o eixo de rotação da Terra é levemente inclinado em relação ao plano do Sol. Se o eixo da Terra fosse perpendicular ao Sol, o clima seria constante em cada região do planeta. A falta de variação reforçaria os climas em cada região. Os trópicos seriam ainda mais quentes e riquíssimos em vida vegetal e animal, já que as horas de sol a mais favoreceriam a fotossíntese.

    As regiões de clima temperado, que, no Brasil, vai de São Paulo ao Rio Grande do Sul, viveriam uma eterna primavera. E os polos, onde só haveria um sol fraquinho o ano todo, ficariam frios e desertos. A temperatura seria mais baixa que a média atual, entre -30ºC e -40ºC, e a vida que hoje existe por lá desapareceria, ou migraria para regiões mais quentes. Os banhistas de Mar del Plata, no litoral argentino, talvez disputassem espaço na areia com pinguins e leões marinhos. No mundo animal, haveria outras mudanças. As grandes migrações, por exemplo, não existiriam. Afinal, o que faz gansos voarem por milhares de quilômetros todos os anos é o inverno e a escassez de comida e calor que ele traz.

    Para nós, brasileiros, a mudança eliminaria alguns maus hábitos causados pela importação de costumes do hemisfério norte. Nossa ceia de Natal, por exemplo, deveria ser leve, já que aqui a data coincide com o verão. Mas copiamos a ceia do norte, feita para o inverno, com carnes gordas e frutas secas. Essa defasagem desapareceria, já que regiões de mesma latitude, ao norte e ao sul, teriam clima parecido.

    Os calendários também seriam diferentes, e talvez o ano não tivesse a duração atual. O ano de 365 dias foi criado pelos babilônios, um povo que viveu há 6 mil anos onde hoje fica o Iraque. Com relógios de sol, eles perceberam que a sombra dos objetos variava com a passagem dos dias, completando um ciclo a cada 365 dias. E viram que havia quatro mudanças de clima nesse período. Nasceu assim o ano das estações. Sem essa variação, a passagem do tempo poderia ser organizada de outra forma – afinal, haveria menos evidências de que a Terra dá voltas em torno de sua estrela.

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    Algumas datas religiosas teriam que ser revistas. A Páscoa cristã, que comemoramos este ano no dia 20 de abril, precisaria de outro critério para ser marcada. Embora seja uma data cristã, ela é calculada com base nas estações: acontece no primeiro domingo depois da primeira lua cheia após a entrada da primavera no hemisfério norte. Adeus, coelhinhos de chocolate.

     

     

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