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É uma estrela, Bip. É uma galáxia, Bip-bip

O trabalho do astrônomo, hoje em dia, tem muito pouco a ver com a contemplação do céu. São os telescópios, completamente automatizados, que “olham” para o Universo. Depois, enviam os dados observados para a memória de um computador. O astrônomo só estuda os números e as tabelas exibidos nos terminais de vídeo. E mesmo isso […]

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Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 29 jul 2009, 22h00
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  • O trabalho do astrônomo, hoje em dia, tem muito pouco a ver com a contemplação do céu. São os telescópios, completamente automatizados, que “olham” para o Universo. Depois, enviam os dados observados para a memória de um computador. O astrônomo só estuda os números e as tabelas exibidos nos terminais de vídeo. E mesmo isso está ficando, difícil. A quantidade de objetos na memória das máquinas é tão grande que a tarefa de analisa-los está ultrapassando a capacidade humana. A saída é automatizar também a análise dos dados, pelo menos em parte, por meio da chamada inteligência artificial. Primeiro, o computador é ensinado a reconhecer cada objeto celeste. Em seguida, ele monta a chamada árvore de decisões (veja o infográfico ao lado). O primeiro projeto a usar amplamente essa tecnologia é o Skicat, no qual trabalha o astrônomo Reinaldo de Carvalho, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro. O trabalho do Skicat consiste em varrer o céu do hemisfério norte, registrando todos os astros, até 20 milhões de vezes mais fracos do que o limite de visão do homem. Os coordenadores do projeto esperam catalogar 2 bilhões de estrelas, 50 milhões de galáxias e 100000 quasares, com informações sobre brilho, cor e forma. Essas características vão ser identificadas com 94% de precisão. Os dados vão ocupar 3 trilhões de bytes de memória -:- o que equivale a uma fileira de disquetes cujo comprimento daria cinco voltas na Terra. As fotos são tomadas por meio do telescópio de 90 centímetros de diâmetro, de Monte Palomar, na Califórnia, Estados Unidos. Depois, seguem para o arquivo do Instituto do Telescópio Espacial Hubble. Ali, as imagens são transformadas em números e transmitidas para um computador. Só então, entra em cena o programa de inteligência artificial, criado no Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa. É esse programa que vai “ler” a montanha de números, diferenciando os diversos tipos de galáxias e estrelas, e localizando quasares – astros que têm a forma de estrelas, mas são centenas de vezes mais luminosos do que as galáxias e estão nos confins do Universo. Os primeiros resultados do Skicat foram fantásticos. Em uma única noite, foram descobertos três quasares mais distantes que 18 bilhões de anos-luz (1 ano-luz mede 9,5 trilhões de quilômetros). Poucos dias depois, os pesquisadores já tinham captado mais cinco deles. Estas descobertas são muito importantes e podem até abalar a teoria da evolução das estruturas cósmicas. Diz a teoria que, na época em que a luz saiu desses quasares, o Universo tinha menos de 2 bilhões de anos. E, nessa época, não havia uma estrutura definida: não deviam existir nem estrelas, nem quasares, ou galáxias. Apenas uma “sopa” de átomos. Mas não é isso que os astrônomos estão encontrando. Quer dizer, vem novidade por aí.

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