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Esse verme-marinho produz pigmento amarelo usado em pinturas renascentistas

A minhoca fabrica o auripigmento a partir de dois venenos – e o utiliza como uma armadura dourada.

Por Bruno Carbinatto
6 set 2025, 16h00

Um verme que habita fissuras termais no fundo do oceano é o primeiro e único ser vivo conhecido a fabricar o auripigmento, uma substância amarelada muito valorizada por artistas ao longo da história por sua vívida coloração dourada – mas que também é tóxica e letal. 

A Paralvinella hessleri cria o pigmento amarelo não para ficar bonita, mas sim para sobreviver: este poliqueta é o único animal que habita as partes mais quentes das fontes hidrotermais do fundo do oceano Pacífico, a mais de 1 km de profundidade, onde a temperatura da água é alta e o ambiente é rico em minerais e em substâncias tóxicas emitidas por fissuras na crosta terrestre – como sulfetos e arsênio, os dois ingredientes que formam o auripigmento.

O auripigmento, também chamado de orpimento, é um pigmento amarelo-dourado de origem mineral muito utilizado na história da arte – amostras desta tinta foram encontradas em tumbas do Egito Antigo, e os chineses já utilizavam-no em decorações há milhares de anos. No Ocidente, foi amplamente utilizado por pintores renascentistas como Rafael e Tintoretto para trazer um tom brilhante a suas obras, mas seu uso diminuiu a partir do século 18 por causa da toxicidade do arsênio presente.

Em um novo estudo, pesquisadores chineses descobriram que a P. hessleri acumula arsênio em seus órgãos internos e na sua pele. Essas partículas microscópicas reagem com os sulfetos do ambiente, formando o auripigmento que dá cor amarelada ao verme. Não é um detalhe fashion: essa camada dourada dura funciona como uma verdadeira armadura mineral para o organismo, protegendo-o de outras toxinas e ameaças do ambiente.

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É uma estratégia engenhosa: a minhoca-marinha combina dois venenos (arsênio e sulfetos) numa substância menos tóxica (o auripigmento), que, de quebra, a protege de outras substâncias danosas do ambiente. As descobertas foram publicadas na revista científica PLOS One

Embora outros seres vivos também consigam criar armaduras e conchas minerais de forma semelhante a este poliqueta, esta é a primeira vez que um sulfeto de arsênio é identificado em uma célula animal, o que abre portas para novas pesquisas. Os humanos, como já falado, utilizaram o auripigmento de origem mineral por milênios, mas abandonaram-o por conta da toxicidade. Para a P. hessleri, porém, ele continua na moda.

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