Fóssil do maior pterossauro jurássico é encontrado na Escócia
O animal viveu há 170 milhões de anos e tinha envergadura de aproximadamente 2,5 metros. Seu fóssil revela informações importantes sobre a evolução dos pterossauros.
Cientistas descobriram o fóssil do maior pterossauro do período Jurássico de que se tem registro até o momento. Ele foi encontrado durante uma escavação na Ilha de Skye, na Escócia. O animal viveu há 170 milhões de anos e tinha envergadura de aproximadamente 2,5 metros.
O fóssil foi descrito em estudo publicado na revista Current Biology, recebeu o nome Dearc sgiathanach (“réptil alado”, em gaélico) e revela informações importantes sobre a evolução desses animais.
Acreditava-se que, antes de se tornarem monstros gigantes, os pterossauros tinham um tamanho reduzido – cerca de 1,6 metro de envergadura. Eles teriam permanecido pequenos nos períodos Triássico e Jurássico, até evoluírem para um tamanho maior no período Cretáceo – talvez impulsionados pela competição com as aves.
Mas o recém descoberto Dearc desafia essa hipótese. “[Ele] nos diz que os pterossauros ficaram maiores muito antes do que pensávamos, e isso é extremamente significativo”, afirma Steve Brusatte, professor da Universidade de Edimburgo (Escócia), em comunicado.
O fóssil também surpreendeu os cientistas por outros motivos. Pterossauros tinham ossos ocos e com paredes ósseas finas. Então, eram leves e adaptados para o voo, mas frágeis para se preservar por milhões de anos. Por sorte, Dearc está muito bem preservado.
“Cerca de 160 milhões de anos depois de sua morte, [o esqueleto] permanece em condições quase intocadas, articulado e quase completo”, afirma Natalia Jagielska, autora principal do estudo, em comunicado.
Confira a reconstrução do esqueleto na imagem abaixo, compartilhada por Steve Brusatte, que também é autor sênior do estudo. Apenas os ossos em azul não estão presentes no fóssil encontrado.
Many of you on twitter know Natalia as a sublime paleoartist. Here is Natalia’s skeletal reconstruction, showing how many of the bones are preserved (in white). pic.twitter.com/vjTV7ydlWW
— Steve Brusatte (@SteveBrusatte) February 22, 2022
Segundo Jagielska, os dentes do pterossauro têm uma cobertura de esmalte brilhante, “como se ele estivesse vivo há poucas semanas”.
A descoberta aconteceu em uma expedição à Skye em 2017. Amelia Penny, estudante da Universidade de Edimburgo, detectou a mandíbula do pterossauro saindo de uma camada de calcário.
Então, os pesquisadores que a acompanhavam identificaram a cabeça do pterossauro e começaram o processo de retirada do fóssil, usando serras com pontas de diamante para tirá-lo da rocha – uma corrida contra o tempo à medida que a maré subia.
This led to a frantic attempt to free it from the concrete-hard rocks before the tide came in, using a diamond-tipped saw. pic.twitter.com/9jJExWcPbd
— Steve Brusatte (@SteveBrusatte) February 22, 2022
Em seguida, o fóssil foi levado à Universidade de Edimburgo para as análises e descrições que constam no estudo recém-publicado. Tomografias computadorizadas do crânio, por exemplo, revelaram que o pterossauro tinha grandes lobos ópticos – e provavelmente uma boa visão.
Os cientistas também descobriram, a partir de análises microscópicas, que os ossos ainda não estavam totalmente desenvolvidos. Dearc era um pterossauro jovem, e a espécie adulta poderia ter uma envergadura ainda maior.
Ele continuará sendo estudado por Jagielska, que procura entender mais sobre o comportamento do animal – como ele vivia e voava, por exemplo.