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Girafas de cor mais escura são solitárias

Um estudo australiano foi o primeiro a demonstrar que as cores das manchas das girafas dão pistas sobre a vida social (e sexual) desses bichos.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 27 set 2019, 15h27 - Publicado em 27 set 2019, 15h24

Talvez você nunca tenha reparado, mas as girafas têm cores diferentes. Não existe, é óbvio, nenhum espécime azul ou vermelho, mas o pelo das pescoçudas varia sim: pode ter manchas marrons mais escuras ou mais claras.

Aliás, uma curiosidade: a cor de “fundo” das girafas, sobre a qual estão as manchas marrons, é chamada de “fulvo”, nome bonito para o tom amarelo-queimado.

Os pesquisadores especialistas em girafas já tinha, logicamente, reparado nessas variações de cor das manchas. Mas eles achavam que era coisa da idade. Da mesma maneira como muitas crianças humanas que nascem loiras vão ficando com o cabelo mais escuro, eles pensavam que as girafinhas iam escurecendo com o passado dos anos. Mas uma observação mais atenta mostrou que essa explicação não era suficiente: são poucas as girafas adultas com manchas realmente escuras. E outras girafas, mesmo velhas, ficam claras por toda vida.

Agora, um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, que teve 12 anos de duração, encontrou uma correlação curiosa: o tom das manchas das girafas (especificamente, as girafas macho) parece estar associado ao tipo de comportamento social (e sexual) que elas manifestam.

Antes de mais nada, é preciso entender que, assim como os leões, as girafas vivem em bandos com uma maioria de fêmeas e um macho líder. Ao contrário das famílias leoninas, no entanto, é relativamente comum que existam vários machos nos bandos de girafas, desde que subordinados ao “macho-alfa”.

Na verdade, quando machos de girafa chegam à vida adulta, eles têm duas “opções”. Alguns vagam pelas planícies por conta própria atrás de um grupo de fêmeas pelo qual possa brigar pela liderança e se reproduzir, enquanto outros ficam nos rebanhos em que nasceram procurando uma brecha de alguma girafa fêmea para trocar genes.

Um macho desse primeiro grupo corre um risco sério de acabar sozinho, desprotegido e ter uma morte prematura. Mas, se tudo der certo, e ele sobreviver até encontrar um bando sem um macho dominante, pode vir a se tornar líder desse novo grupo, com maior status social, acesso à comida e escolha das fêmeas com as quais deixar filhotes e passar adiante seus genes.

Já os machos do segundo grupo precisam aceitar ser submissos por toda a vida, pelo preço de permanecer seguros onde estão.

Naturalmente, girafas não param, pensam e pesam os “prós” e “contras” de cada opção: já nascem instintivamente inclinadas para fazer um ou outro. E aí vem o pulo do gato do estudo: essa tendência parece estar refletida na pele dos bichos.

Após mais de uma década de observação no Parque Nacional Etosha, Namíbia, o novo estudo concluiu que os indivíduos que tendem a escolher por sair do bando são, justamente, aqueles que têm manchas mais escuras. E os que ficam são mais claros.

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A cor escura não reflete idade, mas dominância perante o grupo. Enquanto as girafas escuras vão se arriscar na busca por acesso às parceiras, um macho de cor clara se afastará do conflito e ficará “na surdina”, aguardando um sexo oportunista.

O curioso é que isso também tem outras consequências na “vida social” dos bichos. O macho de manchas claras, que não curtem briga, são mais gregários: interagem mais uns com os outros e são mais sociáveis, o que pode tanto favorecer sua chance de conseguir sexo oportunista quando evitar conflito com o macho líder.

Já os machos escuros têm, literalmente, menos traquejo social que os claros. Interagem menos e são mais solitários – o que provavelmente vem junto com o instinto de abandonar o grupo em busca de novos ares. O curioso, porém, é que essa “introspecção” permeia a vida toda deles. Mesmo quando um macho escuro se torna líder de um grupo novo, ele segue agindo de maneira menos sociável que seus colegas mais claros.

Depois de tudo, uma pergunta curiosa que fica é: o que está acontecendo, em um nível biológico, que afeta ao mesmo tempo a pigmentação e o estilo de vida desses bichos? Bem, isso os pesquisadores afirmam que ainda precisam investigar melhor, mas eles já tem palpites: testosterona, dieta, genética e até estresse por calor podem determinar tanto a coloração quanto os impulsos sexuais e sociais das girafas durante a juventude.

(Pais, podem ficar tranquilos: o Melman, do filme infantil Madagascar, tem manchas consideradas clarinhas, ok?)

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