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Golfinhos assobiam cada vez mais alto para se sobrepôr ao barulho humano

Estudo mostrou que a poluição sonora atrapalha o desempenho dos cetáceos em atividades cooperativas – e pode dificultar sua sobrevivência.

Por Luisa Costa
18 jan 2023, 17h00

Delta e Reese são dois golfinhos que vivem no Dolphin Research Center (Centro de Pesquisa de Golfinhos, em tradução livre), na Flórida (Estados Unidos). A dupla é especialista em uma atividade que lhe foi ensinada pelos treinadores do centro: nadar para diferentes pontos do seu tanque e apertar um botão ao mesmo tempo.

Eles parecem gostar da atividade e até “conversam” entre si, usando assobios logo antes de apertar o botão – uma forma de garantir que tudo saia como o ensaiado. Mas uma coisa atrapalha consideravelmente o desempenho de Delta e Reese: a poluição sonora.

Não é só a brincadeira no cativeiro. Toda a sobrevivência de golfinhos no ambiente selvagem é afetada pelo barulho. Golfinhos detectam ondas sonoras entre 75 e 150 mil Hertz – um espectro de frequência bem maior que o nosso, que vai de 20 a 20 mil Hz. Eles usam sons para navegar pelos oceanos (habilidade chamada ecolocalização), mas também para se comunicar durante caçadas, para se unirem às suas famílias e até para se identificar perante o grupo, com “apitos de assinatura” comparáveis aos nomes humanos.

O problema é quando o barulho humano atravessa o ambiente dos golfinhos – e outros animais marinhos que usam comunicação acústica. Os ruídos vindos de navios, da exploração de petróleo e gás e de operações militares se tornaram recorrentes nas últimas décadas.

Tudo isso atrapalha a capacidade dos golfinhos conversarem entre si, segundo um estudo publicado na revista Current Biology e realizado por pesquisadores do Dolphin Research Center e de outras instituições, como a Universidade de Bristol (Reino Unido). Os protagonistas deste estudo foram, justamente, Delta e Reese.

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Como foi o estudo

A pesquisadora Pernille M. Sørensen, da Universidade de Bristol, e seus colegas fizeram 200 experimentos com alto-falantes subaquáticos no tanque de Delta e Reese. Eles reproduziram cinco barulhos diferentes, como o de uma lavadora de alta pressão, para observar como a dupla mudava seu comportamento para compensar a poluição sonora.

A ideia era que os golfinhos realizassem a atividade ensaiada (nadar para lados opostos e então apertar botões simultaneamente) em meio à barulheira. A equipe também prendeu pequenos dispositivos na parte de trás da cabeça dos animais para gravar o que cada um ouvia, além dos assobios e movimentos que faziam no tanque.

Os pesquisadores perceberam que os golfinhos tiveram que assobiar mais alto e, às vezes, dobrar a duração de seus chamados. Eles também tiveram que virar virar o corpo para verificar suas respectivas localizações com precisão. 

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Nessas condições, o desempenho da dupla caiu bastante. Quanto mais barulhento ficava o ambiente, menos sucesso Delta e Reese tinham com sua tarefa. Eles chegaram a apertar o botão 20% menos vezes do que o normal no experimento que representava um nível máximo de poluição sonora.

Os autores ainda explicam que a cooperação entre indivíduos facilita atividades vitais e que tais descobertas destacam a necessidade de considerar o impacto da perturbação sonora em tarefas de grupo importantes em populações de animais selvagens.

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