A visão dos mamíferos, em geral, é limitada. Humanos, por exemplo, enxergam uma pequena faixa do espectro eletromagnético: só as ondas de luz com comprimento entre 400 e 700 nanômetros. Qualquer forma de luz que fuja desse intervalo é interpretada pelos nossos olhos como… escuro.
Uma nova pesquisa recém-publicada na revista Cell, porém, está tentando ampliar esse alcance. Até agora, os pesquisadores tiveram sucesso com ratos. Usando nanopartículas metálicas, o grupo conseguiu fazê-los enxergar luz infravermelha. Essas partículas, injetadas na parte de trás do olho, captam a radiação infravermelha e a reemitem em um comprimento visível para nós – no caso, uma cor próxima ao verde.
É como um adaptador de tomada, só que para luz – os olhos continuam recebendo só o tipo de luz naturalmente visível. E a nanotecnologia fica responsável pela tradução.
Exatamente por isso, a nova tecnologia não pretende fazer com que os olhos enxerguem, por exemplo, novas cores, que não existem hoje. O máximo que é possível fazer é traduzir para alguma cor já existente a luz que hoje não captamos – e por isso o infravermelho (hoje visto como preto pelos olhos) adquire um tom esverdeado no espectro visível.
Bem, mas como os pesquisadores fizeram isso? E como testaram que o dispositivo de fato funcionou nos ratos?
No teste, dois grupos de ratinhos foram colocados em um labirinto iluminado só por luz infravermelha. Os ratos sem a injeção não conseguiam sair – ficavam perdidos no escuro. Mas o primeiro animal a receber as nanopartículas já conseguiu encontrar a saída com facilidade. Ainda serão precisos muitos testes para saber se as nanopartículas são seguras para os humanos. Mas os cientistas já conseguem prever futuras aplicações, como ajudar quem trabalha em lugares pouco iluminados e até ampliar o leque de cores que pessoas com daltonismo são capazes de enxergar.