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James Webb capta os momentos finais de uma estrela

Entenda como o telescópio fotografou a WR-124, que está a 15 mil anos-luz da Terra – e como registros do tipo podem ajudar astrônomos a entender melhor a formação do Universo.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 15 mar 2023, 21h45 - Publicado em 15 mar 2023, 21h42
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  • A Nasa divulgou, na última terça-feira (14), uma nova imagem feita pelo telescópio espacial James Webb. Ele capturou os últimos momentos de uma estrela massiva a cerca de 15 mil anos-luz de distância, conhecida como WR 124. Na foto acima, ela começou a perder suas camadas externas – e está prestes a explodir em uma supernova.

    A WR 124 é uma estrela do tipo Wolf-Rayet, que abrange algumas das estrelas mais luminosas, mais massivas e com período de detecção mais curto conhecidas. Ela é parte da constelação de Sagitta (não confunda com Sagitário), e chegou a ter 30 vezes a massa do nosso Sol (estrelas massivas têm ao menos oito vezes a massa do Sol; pela foto do Webb, a WR 124 perdeu o equivalente a dez sóis de massa).

    Estrelas Wolf-Rayet estão em processo de desprendimento de suas camadas externas, o que forma sua característica mais marcante: essas “nuvens” de gás e poeira. Conforme o gás perdido se afasta da estrela, ele esfria; a poeira cósmica se forma e brilha no espectro infravermelho da luz – faixa detectada pelo Webb.

    Não são todas as estrelas massivas que passam pela curta fase Wolf-Rayet em seu caminho para se tornarem supernovas. É por isso que as observações detalhadas do James Webb são valiosas para os astrônomos.

    Os últimos suspiros de uma estrela

    Quando uma estrela massiva está prestes a morrer, ela explode. Eis uma supernova.

    A resposta, claro, não é tão simples assim. Uma estrela é formada pela oposição de duas forças: enquanto a gravidade tenta comprimi-la em uma pequena esfera, a pressão e o calor produzidos em seu núcleo resistem.

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    Por meio da fusão nuclear, estrelas massivas transformam quantidades enormes de hidrogênio em seus núcleos em hélio, produzindo energia. Todo esse processo também produz calor (o Sol, que nem é uma estrela tão grande assim, atinge 15 milhões de graus Celsius em seu núcleo). Esse calorão gera pressão – que impede a estrela de colapsar.

    O problema é que, uma hora, o estoque de hidrogênio acaba. A partir daí, elementos mais pesados viram o combustível – mas a energia produzida ali, aos poucos, vai diminuindo. Até que chega a hora em que ela não é mais suficiente para rivalizar com a força gravitacional. É quando a estrela, enfim, explode.

    A fase Wolf-Rayet da vida de uma estrela massiva é relativamente curta. Ela só tem, no máximo, alguns milhões de anos antes de explodir. Nesse meio tempo, a fusão produz poderosas ondas de energia, que vão arrancando as camadas externas da estrela a velocidade absurdas, de cerca de 150 mil quilômetros por hora. O resultado é uma enorme nuvem de poeira e gás, como a observada na nova imagem do James Webb.

    Bom trabalho, Jaiminho

    O James Webb (ou como o apelidamos carinhosamente na Super, Jaiminho) é o sucessor do Telescópio Espacial Hubble, que foi lançado em 1990. E a novas imagens do Webb são o exemplo perfeito do salto tecnológico entre os aparelhos.

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    Imagem capturada pelo telescópio espacial Hubbles da nebulosa M1-67 envolvendo a explosão da estrela Wolf-Rayet 124.
    Imagem da WR 124, tirada pelo Hubble e divulgada em 2015. (Judy Schmidt/Wikimedia Commons)

    A imagem acima, por exemplo, foi tirada pelo Hubble em 2015 e mostra a mesma estrela WR 124. Basta comparar com a imagem que abre este texto para perceber que o registro do Webb possui mais detalhes.

    Isso é possível porque o Jaiminho enxerga uma faixa de luz que o seu antecessor não consegue. Enquanto o Hubble é um telescópio focado em captar a luz visível (a escala entre o vermelho e o roxo), o James Webb é equipado para observar o espectro infravermelho, um tipo de onda eletromagnética mais alongada e menos energética do que aquelas que nós enxergamos.

    O telescópio foi criado assim porque a luz que corpos celestes antigos emitiram chega até nós na faixa do infravermelho. É um fenômeno chamado de redshift (deslocamento para o vermelho). Como a maioria das galáxias está se afastando de nós (o Universo, afinal, está se expandindo), o brilho das mais distantes acaba esticado – e chega aqui em ondas bem compridas, que saem do espectro visível e entram na zona do infravermelho.

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    É justamente essa capacidade do Webb que tornam suas imagens mais precisas e detalhadas. A distância do WR 124 (15 mil anos-luz) é fichinha se comparada ao grande objetivo desse telescópio: observar o que estava acontecendo no começo do Universo, numa região a 13 bilhões de anos-luz daqui.

    Levantou poeira

    O Webb abre novas possibilidades também para o estudo de detalhes na poeira cósmica, que é melhor observada nos comprimentos de onda infravermelhos da luz. Isso deve ajudar os astrônomos a descobrir exatamente como essa poeira se comporta – e se ela é capaz de sobreviver a supernovas.

    Ora, e por que isso importa? Saber a origem da poeira cósmica que aguenta uma supernova é importante por causa do papel que a ela desempenha no funcionamento do Universo: a poeira abriga estrelas em formação, ajuda a formar planetas e serve como uma plataforma para a formação e aglomeração de moléculas.

    Não só: as atuais teorias astronômicas não do conta de explicar toda a quantidade de poeira cósmica que há no Universo. Determinar como a poeira se comporta em torno de estrelas Wolf-Rayet como a WR 124 pode ajudar a descobrir de onde veio todo o “excedente”.

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