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Maior iceberg do mundo volta a flutuar após 40 anos preso ao fundo do mar

Com aproximadamente três vezes o tamanho da cidade de Nova York, a massa de gelo gigante foi registrada no Oceano Antártico.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 28 nov 2023, 19h33 - Publicado em 28 nov 2023, 19h32
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  • Se por um acaso bizarro você estiver navegando pelo Oceano Antártico, tome cuidado: uma das maiores geleiras do mundo está à solta. O iceberg A23a se desprendeu da porção de oceano em que estava preso, e segue rumo à Península Antártica, a porção do continente gelado que fica mais próxima da América do Sul.

    As imagens foram capturadas pelo satélite do British Antarctic Survey. Essa grande massa de gelo fazia parte da plataforma Filchner-Ronne, na Antártica Ocidental, e se desprendeu em 1986. Mas, devido ao seu tamanho, ela ficou presa no solo oceanico, onde permaneceu por quase 40 anos.

    A geleira tem quase 4000 km2, com 400 metros de espessura e 90% de sua massa submersa. Para ter uma noção, a área total da cidade de Nova York (incluindo a porção de água) é 1.214 km2. Atualmente, essa é a maior geleira flutuante do mundo. 

    Até então, a maior geleira flutuante era a A-76 (um monstro gelado de 4320 km2), até ser carregada pelas correntes oceânicas e finalmente começar a se desfazer.

    Ao longo de 2022 e 2023, a massa de gelo flutuou no Mar de Weddell, no oceano antártico, e atualmente está a em direção do caminho conhecido como “cemitério de icebergs”, local com águas um pouco mais quentes onde frequentemente os icebergs derretem.

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    Se você não for um pinguim ou uma foca, não há com o que se preocupar. Apesar da Península ser a porção mais próxima do nosso continente, o iceberg está bem longe para gerar qualquer impacto, e vai derreter muito antes de chegar por aqui. 

    De acordo com Oliver Marsh, glaciologista da British Antarctic Survey, o “máximo” que ele pode causar é atrapalhar alguns animais, como encalhar e derreter nas áreas de alimentação e reprodução de pinguins e focas.

    “Uma geleira dessa escala tem o potencial de sobreviver por um bom tempo no Oceano Austral, mesmo sendo mais quente, e pode ir em direção à África do Sul, interferindo no tráfego marítimo”, disse Marsh à Reuters.

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    Apesar de parecer uma correlação direta, os pesquisadores dizem que o desprendimento da geleira não necessariamente está ligado às alterações climáticas. Esse desprendimento faz parte do ciclo natural de vida de uma geleira. Uma geleira desse tamanho se desprende da plataforma continental pelo menos uma vez a cada 10 anos.

    O problema mesmo é que as geleiras estão se fragmentando mais rápido do que ganham massa de gelo. Graças ao aquecimento global, isso faz com que a camada de gelo na Antártica perca mais massa do que ganha.

    Isso sem falar em outros eventos recentes no continente antártico. Em 2022, a Antártica registrou o recorde de temperatura, quando a estação de pesquisa Concordia registrou um calor 38ºC acima do que é considerado normal para a região.

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