Cientistas preveem que mais da metade do planeta sofrerá mudanças climáticas até o final do século, incluindo tempestades extremas, inundações, incêndios, secas e ondas de calor e frio. O ecologista espacial da Universidade de Maryland, Matthew Fitzpatrick, criou um mapa interativo que especula o cenário climático de mais de 40 mil cidades em todo o mundo no ano de 2080. Os dados considera que iremos seguir as tendências de emissões atuais, sem mudanças drásticas.
Usando dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o mapa permite que as pessoas explorem como o clima de suas cidades será afetado, e quais as previsões para daqui 60 anos. Funciona assim: você seleciona uma cidade, e o mapa te mostra quais são as mudanças esperadas. Além disso, ele ainda mostra a qual cidade e clima atual a sua cidade deve se assemelhar no futuro.
Por exemplo: se você vive em Joinville (Santa Catarina) e quiser sentir hoje como será o clima na sua cidade em 2080, basta viajar para Itaboraí (Rio de Janeiro). Joinville deve ficar cerca de 3,5ºC mais quente, além de ficar mais úmida. O mapa resume: “condições climáticas semelhantes a de Joinville de 2080 podem ser encontradas hoje em Itaboraí, no Rio de Janeiro”.
As mudanças climáticas devem levar os locais a terem climas cada vez mais quentes e úmidos, semelhantes aos encontrados na região da linha do equador. Cerca de 40% da população global vive nessas regiões equatoriais – que podem se tornar inabitáveis ainda neste século.
Para grande parte das cidades das regiões Norte e Nordeste do Brasil, o mapa sequer consegue indicar um lugar com clima semelhante. Para Salvador, Natal e Belém, por exemplo, o programa exibe a seguinte mensagem: “Não foram encontrados análogos climáticos. Espera-se que o clima futuro para esse local seja diferente de qualquer coisa encontrada atualmente em qualquer lugar da Terra, portanto, não há correspondências climáticas para esse local.”
Outro exemplo: condições climáticas semelhantes a de Porto Seguro (Bahia) de 2080 podem ser encontradas hoje em Coro (Venezuela). Essa é uma das cidades mais ao norte da América do Sul, e os seus dias mais frescos do ano ficam entre 25ºC e 32ºC.
Quem gosta do verão de Porto Seguro de hoje precisará passar as férias de 2080 a aproximadamente 1.500 quilômetros ao sul. Condições de praia semelhantes serão encontradas em Caraguatatuba (São Paulo). Já a cidade de Capão da Canoa (Rio Grande do Sul) em 2080 deve ter clima semelhante ao que é encontrado hoje no Guarujá, em São Paulo.
Com as temperaturas ultrapassando os extremos previstos no ano passado, e sem sinais de que os governos e as indústrias estejam colocando um freio significativo nas emissões de combustíveis fósseis que causam o problema, é cada vez mais provável que venhamos a enfrentar os cenários mais extremos descritos no mapa.
O mapa também permite visualizar um cenário em que tomamos atitudes rápidas de contenção de danos das mudanças climáticas, embora ainda acima dos níveis estabelecidos no Acordo de Paris. Para visualizar essa versão alternativa, é necessário clicar na aba “Settings” no canto superior esquerdo e selecionar “What if we reduce emissions?”.
“Espero que ele continue a informar a conversa sobre as mudanças climáticas”, diz Fitzpatrick. “Espero que ajude as pessoas a entender melhor a magnitude dos impactos e por que os cientistas estão tão preocupados.”
Você pode conferir o mapa clicando aqui.