Tem gente que não gosta de admitir, mas a verdade é que um dia encontraremos pela frente um asteroide doido de vontade de detonar tudo aqui na Terra. A única questão ainda em aberto é – quando?
Já aconteceu antes. Os dinossauros que o digam. Naquela ocasião, 65 milhões de anos atrás, um bólido gigante – não se sabe se era asteroide ou cometa – se chocou com nosso planeta e abriu uma enorme cratera, agora escondida sob as águas do golfo do México. Vaporizou tudo a seu redor, causou incêndios num raio de centenas de quilômetros, provocou terremotos espalhados por todo o globo e levantou poeira suficiente para esconder o Sol durante semanas. Sem luz suficiente, muitas plantas morreram. Sem elas, a cadeia alimentar foi toda para o beleléu. No topo dela, estavam os dinossauros. Não sobrou um para contar a história.
Episódios como esse, envolvendo a colisão de um objeto com colossais 15 a 20 quilômetros de diâmetro, acontecem uma vez a cada 100 milhões de anos, em média. Então, o risco de testemunharmos logo uma repetição do que aconteceu com os dinos é bem baixo. Essa foi a boa notícia. A má notícia é que não é preciso um asteroide desse tamanho para ameaçar a sobrevivência da civilização. Segundo os cientistas, 1 quilômetro de diâmetro basta para botar pra quebrar em escala planetária. Uma pancada dessas acontece uma vez a cada 500 mil anos.
E a outra má notícia é que, para um estrago em escala local, sem detonar a humanidade, mas potencialmente arrancando um belo naco dela, basta um bólido de 50 a 100 metros. E um desses costuma adentrar a atmosfera terrestre a cada 1 000 anos. O último de que temos notícia colidiu com a Terra em 30 de junho de 1908. Após explodir na atmosfera, o objeto produziu uma onda de choque que devastou 2 mil quilômetros quadrados de floresta em Tunguska, na Sibéria. Se o impacto tivesse ocorrido sobre uma região povoada, teríamos uma tragédia nas mãos.
Ok, já vimos que a coisa é séria. Pergunta que não quer calar: há algo que possamos fazer a respeito?
Nave-guincho
Uma série de estratégias vem sendo sugerida por pesquisadores para o caso de termos de desviar um asteroide de uma rota de colisão com a Terra. Para funcionar, praticamente todas elas precisam de uma coisa: aviso prévio. De preferência, com décadas de antecedência.
O legal é que isso é praticável. Astrônomos do mundo inteiro trabalham incessantemente para descobrir o maior número de asteroides que cruzam ou se aproximam da Terra e podem oferecer perigo num momento futuro.
Exemplo: um grupo de astrônomos já calculou que um asteroide chamado Apophis, com 320 metros de diâmetro, vai passar raspando pela Terra – a cerca de 30 mil quilômetros de nós, menos de um décimo da distância até a Lua – no ano de 2029. Para a passagem seguinte, marcada para 2035, há 0,1% de risco de uma colisão. É baixo, mas já motivou gente a pensar num jeito de desviá-lo.
Pensando nele, os astronautas americanos Edward Lu e Stanley Love tiveram uma ideia que equivale à criação de um “guincho espacial” – uma espaçonave pesadona, com umas 20 toneladas, que seria lançada na direção do Apophis e ficaria ali, perto dele, usando um poderoso motor movido a energia nuclear durante um ano para evitar “cair” no asteroide. O efeito disso é que, só com a força gravitacional exercida pela navezona sobre o bólido celeste, seria possível desviá-lo de sua trajetória, evitando a colisão futura.
Eles acham que, levando em conta o baixo, mas real, risco de colisão futura, a Nasa deveria cogitar uma missão-teste.
Grande Ideias
Outras técnicas para desviar um asteroide
Pintá-lo de branco:
A mudança da superfície aumentaria a reflexão da luz solar, que por sua vez mudaria levemente a órbita do asteroide, impedindo o impacto com a Terra.
Instalar um motor nele:
Uma das ideias envolve simplesmente plugar um motor de foguete poderoso no asteroide e contar que seu disparo desvie o curso do bólido.
Jogar bilhar cósmico:
Desviar outro asteroide próximo para que ele colida com o asteroide-alvo, fazendo-o em pedaços antes que colida com a Terra.
Explodir uma bomba nuclear:
Técnica mais crua, envolveria a explosão precisa de bombas de hidrogênio, de forma que a onda de choque desvie o asteroide de seu curso.