Black Friday: assine a partir de 1,00/semana
Continua após publicidade

Moderna pretende desenvolver vacinas de mRNA contra gripe, HIV e câncer

A tecnologia, que se mostrou segura e eficaz contra a Covid-19, pode servir como base para a criação de outros imunizantes. Entenda.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 25 jul 2022, 10h27 - Publicado em 15 jul 2021, 18h37
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No início da pandemia, a empresa de biotecnologia americana Moderna Therapeutics ganhou destaque após a sua vacina contra o Sars-CoV-2 se tornar a primeira dos EUA a entrar na terceira (e última) fase de testes.

    Mas não foi só a velocidade que chamou a atenção. A tecnologia utilizada pela Moderna, que usa como base RNA mensageiro (mRNA), já era algo estudado desde os anos 1990, mas que ainda não havia sido colocada em prática – e a confirmação do seu sucesso pode representar um grande passo para a ciência.

    Mas o que é uma vacina de mRNA, afinal?

    A maioria das vacinas utiliza o vírus atenuado ou morto em sua composição. Nesse caso, ela se torna incapaz de causar a doença, mas forte o suficiente para gerar uma resposta imune do organismo.

    Já a vacina da Moderna, feita de mRNA, funciona da seguinte forma: primeiro, é injetado no corpo um pedaço de código genético do vírus (uma fita de RNA). Ali estarão as instruções para que as próprias células do corpo humano passem a produzir uma proteína viral, que, por sua vez, será identificada pelo sistema imunológico e combatida. No futuro, se a pessoa vacinada tiver contato com o vírus, ela já terá anticorpos prontos para enfrentá-lo. 

    Continua após a publicidade

    Basicamente,é como se o próprio corpo se tornasse uma pequena fábrica de vacina. Além disso, o desenvolvimento de vacinas de mRNA é mais rápido que o dos imunizantes convencionais (a da Moderna, por exemplo, levou apenas 63 dias). 

    A velocidade de fabricação também é um ponto positivo. Muitas vacinas contra a gripe, por exemplo, são feitas dentro de ovos de galinha, enquanto outras necessitam do cultivo de proteínas virais em laboratório. As vacinas de mRNA pulam estas etapas: um lote completo pode ser preparado em até dez dias.

    Para além da Covid-19

    Depois do sucesso com o Sars-CoV-2, a Moderna anunciou que está estudando o uso de mRNA contra outras doenças infecciosas.

    Continua após a publicidade

    Atualmente, a empresa possui vacinas para dez vírus em fase de testes (ou prestes a entrar). Três delas são doses de reforço contra a Covid-19 e que já estão em Fase 2 de testes. Uma delas é a vacina já existente (o que está sendo estudado é uma dose menor de aplicação, o que facilitaria campanhas de vacinação). A segunda foi editada para combater a variante Beta, detectada pela primeira vez na África do Sul. Por fim, têm-se a versão que combina os dois fatores (dose menor + proteção contra a variante). 

    A Moderna também está desenvolvendo uma vacina para o citomegalovírus, capaz de causar anomalias congênitas ao infectar bebês antes ou na hora do nascimento. Um ensaio clínico de Fase 3 envolvendo mulheres em idade reprodutiva deve começar ainda este ano. O vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, e o metapneumovírus, causador de infecções respiratórias graves em crianças, também estão na mira da farmacêutica. 

    Há projetos ainda mais ambiciosos, como o de uma vacina que combine 12 (ou até mais) cepas virais responsáveis por infecções respiratórias. Esse seria um imunizante sazonal, similar à vacina da gripe que temos hoje – e que deve ser tomada anualmente. A Covid-19 estaria incluída nesse combo.

    Continua após a publicidade

    A Moderna também planeja iniciar testes em humanos de sua vacina contra o vírus HIV, causador da Aids, ainda em 2021. E para além dos vírus, a empresa quer usar a tecnologia do RNA mensageiro para criar ferramentas capazes de tratar doenças crônicas – e até mesmo o câncer.

    O caminho do mRNA dentro da Moderna

    As vacinas de mRNA demoraram a aparecer por um motivo: quando a molécula é inserida de forma artificial no corpo humano, o sistema imunológico costuma reconhecê-la como ameaça e a ataca. Foi só em 2005 que dois pesquisadores, Katalin Karikó e Drew Weissman, da Universidade da Pensilvânia (EUA), conseguiram modificar o mRNA para que ele gerasse uma resposta menos agressiva e, assim, pudesse servir como potencial imunizante.

    Em 2010, cientistas da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com auxílio financeiro da empresa de capital de risco Flagship Pioneering, fundaram a Moderna, cujo objetivo, desde o início, foi estudar o mRNA para o desenvolvimento de soluções de saúde.

    Continua após a publicidade

    Só que ainda faltavam alguns detalhes nesse projeto. É que o mRNA artificial, ao ser colocado no corpo, acabava decomposto por enzimas antes mesmo que atingir as células. Os cientistas precisaram, então, envolver as moléculas em nanopartículas lipídicas protetoras – bolhas de gordura. 

    Com essa proteção, o código genético estava blindado. Mas aquilo ainda não parecia 100% seguro, já que parte da gordura sintética tendia a se acumular nas células, o que poderia causar danos ao fígado ou outros efeitos colaterais a longo prazo. Foi somente em 2015 que pesquisadores da Moderna encontraram moléculas de lipídios aptas à tarefa – e que não apresentavam riscos à saúde. A fórmula foi patenteada e a farmacêutica começou a trabalhar em vacinas. Até 2020, a Moderna não havia concluído nenhum ensaio clínico para medicamentos ou vacinas.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.