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Na Austrália, cientistas encontram evidência mais antiga de água doce

Os registros estavam em cristais de zircão de rochas no interior do país, que datam de 4,4 bilhões de anos. Entenda a importância da descoberta.

Por Caio César Pereira
4 jun 2024, 17h59

Em amostras de grãos de cristais encontradas em rochas no interior da Austrália, pesquisadores conseguiram encontrar as primeiras evidências da presença de água doce do planeta, há pelo menos 4 bilhões de anos.

O estudo, publicado na revista Nature Geoscience na última segunda (3), mostra já a possível ocorrência do ciclo da água na Terra (a evaporação e precipitação entre os oceanos e o solo). Ou seja, a descoberta da presença de água doce indica ao mesmo tempo a presença de terra seca na superfície.

“Temos duas coisas importantes aqui. Descobrimos a evidência mais antiga de água doce e a evidência representativa de terra seca acima do mar,” conta em comunicado Hamed Gamaleldien, pesquisador na Universidade Curtin, na Austrália, professor na Universidade Khalifa (Emirados Árabes) e um dos autores do estudo.

Essa relação acontece porque seria na terra seca onde a água doce proveniente da chuva conseguiria acumular e infiltrar na crosta do continente. Através de vestígios de elementos químicos contidos nos cristais, os pesquisadores descobriram que durante a sua formação (quando ainda estavam quentes e derretidos), as rochas ao redor entraram em contato com água doce.

“Examinando a idade e os isótopos de oxigênio em pequenos cristais do mineral zircão, encontramos assinaturas isotópicas incomumente leves datadas de até quatro bilhões de anos atrás”, explica Gamaleldien.

De acordo com o pesquisador, a presença desses isótopos (átomos de um mesmo elemento, mas com massa atômica diferentes) de oxigênio leves é algo típico da interação entre a água doce quente e rochas, que ocorrem a vários quilômetros abaixo da superfície da Terra.

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A grande importância dessa descoberta, no entanto, está no fato de que ela pode indicar que o surgimento da vida no planeta pode até ter ocorrido antes do que se imaginava. É o que explica Hugo Olierook, pesquisador da Universidade Curtin e um dos autores do estudo:

“Essa descoberta não apenas ilumina a história inicial da Terra, mas também sugere que massas de terra e água doce prepararam o palco para a vida florescer em um período de tempo relativamente curto — menos de 600 milhões de anos após a formação do planeta.”

Até então, a evidência mais antiga e amplamente aceita da vida no planeta são os famosos estromatólitos, uma comunidade de micróbios fossilizados que se formou aos montes em fontes termais, há pelo menos 3,5 bilhões de anos.

As análises do estudo foram realizadas em amostras de cristais de zircão. Para além de seu pequeno tamanho e forte resistência, esses pequenos cristais são especiais porque conseguem incorporar pequenas quantidades de urânio em sua estrutura. Os cristais da pesquisa foram encontradas no afloramento de rocha Jack Hills, oeste da Austrália, e datam de 4,4 bilhões de anos.

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“(Zircão) é um mineral único. É altamente resistente e não se altera (ao longo do tempo). É a única testemunha do período Hadeano”, explica Gamaleldien.

O período Hadeano, ou Éon Hadeano, na verdade, é o capítulo mais antigo da história de nosso planeta, tendo ocorrido há  4,5 bilhões de anos. O problema é que, por ser tão antigo, não existem rochas ou estruturas geológicas que tenham sobrevivido desse período, dificultando estudos sobre essa época. 

As rochas mais antigas que se tem notícia, por exemplo, datam de no máximo 4 bilhões de anos, o que torna os cristais de zircão uma ótima alternativa para se estudar uma era geológica mais antiga. 

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