Nunca encontramos tantos planetas parecidos com o nosso de uma só vez. A Nasa acaba de anunciar que no sistema TRAPPIST-1, a apenas 39 anos-luz daqui, existem 7 exoplanetas similares à Terra – e três deles têm grandes possibilidades de conter água líquida.
O TRAPPIST-1 foi um sistema descoberto no ano passado, na constelação de Aquário. Durante 10 meses, a Nasa observou a região na busca de sinais de planetas. O telescópio Spitzer observou alguns objetos massivos que passavam na frente da estrela principal do sistema. Depois de muitas observações, conseguiu concluir que se tratavam, de fato, de planetas.
E não de qualquer tipo: esses objetos têm tamanho e massa semelhantes à da Terra. Os primeiros indícios mostram que os sete também são planetas rochosos como o nosso.
Já a estrela do sistema não parece nada com o Sol: é mais fria e muito menor que o nosso astro. Até agora, não se imaginava que sistemas tão menores e com estrelas mais frias que o Sol teriam chance de abrigar vida. Mas essa diferença funciona bem para os planetas: o sistema é pequeno, mas extremamente compacto.
Os planetas ficam tão próximos um do outro que a gravidade dos vizinhos acaba afetando a duração da órbita ao redor da estrela principal. É o equivalente cósmico a um vagão lotado de metrô fazendo uma curva. Com uma estrela mais fria, eles também podem estar mais grudados nela e mesmo assim terem uma temperatura viável para o desenvolvimento da vida.
Essa região ideal de proximidade e temperatura é chamada de zona habitável. Planetas que ficam nesta área não são nem muitos quentes nem muito frios – têm a temperatura amena suficiente para que a água possa existir em estado líquido.
Dos sete planetas anunciados, três estão na zona habitável e têm características promissoras para a existência de oceanos na superfície. É uma quantidade imensa de potenciais novas Terras para um sistema tão pequeno.
Para os pesquisadores, a descoberta de tantos mundos habitáveis de uma vez é sinal de que encontrar a segunda Terra é uma missão possível. “Já não é uma questão de se [vamos encontrá-la], mas sim quando”, falou o diretor Thomas Zurbuchen.
Mas para confirmar se encontramos novos lares, faltam informações que a tecnologia agora nem tem condições de prover. Precisamos saber mais sobre a atmosfera desses planetas e que tipo de gás ela contém. É preciso encontrar alguma forma de gás estufa, como o CO2, para que o planeta fique quentinho. Para investigar essas questões, a Nasa precisa esperar o lançamento do telescópio James Webb, o equipamento mais avançado que já existiu para examinar objetos astronômicos a longas distâncias.
Por enquanto, teremos que nos contentar em descobrir mais sobre a órbita desses planetas – que, inclusive, foram nomeados apenas como Trappist a, b, c, d, e, f, g e h. “Todos os apelidos que pensamos para eles são baseados em cervejas belgas”, falaram os cientistas, “mas acho que não vamos poder chamá-los assim”. Quem sabe, no próximo século, estaremos embarcando em direção a Stella Artois.