Um trio de astronautas precisou deixar as instalações da Estação Espacial Internacional (ISS) e se abrigar num compartimento de pesquisa russo, anexo à estação, na última sexta-feira (21). A mudança temporária, que terminou na manhã desta segunda-feira (24), aconteceu por um motivo inusitado: um vazamento anormal de ar, de origem desconhecida, estava alterando a pressão interna da ISS.
Enquanto viajam à bordo da ISS pela órbita da Terra, astronautas vivem em um ambiente totalmente pressurizado, que garante o conforto da tripulação. É normal, no entanto, que uma pequena parte do ar que circula por ali acabe escapando. Por isso, a estação conta com tanques de nitrogênio, que garantem a repressurização do ambiente, se necessário.
O problema é que, ainda em setembro de 2019, observou-se os primeiros sinais de que esse fluxo de ar eliminado pela ISS era maior que o normal – o que aumentou nos últimos dias. Segundo um comunicado da Nasa, o vazamento não representava uma ameaça imediata aos astronautas. Por via das dúvidas, a solução foi levar o comandante Chris Cassidy, da Nasa, e seus colegas Ivan Vagner e Anatoly Ivanishin, astronautas da Roscosmos (a agência espacial russa), que estão na ISS desde abril, para um “puxadinho” espacial.
O tal “puxadinho” usado como refúgio é nada menos que o módulo de serviço russo Zveda. Você pode ter uma ideia das instalações provisórias na imagem abaixo, divulgada por Ivan Vagner em sua página no Instagram.
“Isolamento ao quadrado”, brincou o astronauta, no início do post. “Transferimos tudo o que não fosse necessário para outros módulos, trouxemos a quantidade adequada de água, alimentos e produtos de higiene”, complementou.
Na ausência da tripulação, os controladores da missão puderam monitorar, da Terra, os níveis de pressão em cada um dos módulos, para encontrar a origem do vazamento. Os resultados dos testes devem ser divulgados até o final da próxima semana.
Não é a primeira vez que um vazamento anormal de ar na ISS preocupa a comunidade científica. Em 2018, a espaçonave russa Soyuz MS-09, que estava acoplada à estação durante uma visita, enfrentou o mesmo problema. A causa foi uma pequena perfuração – cuja origem jamais foi explicada. À época, cogitou-se, inclusive, que o furinho tinha sido fruto de uma sabotagem. Nada comprovado.