Nos últimos dias, o noticiário tem abordado o drama envolvendo os moradores de Maceió, no Alagoas, com a mina de um material chamado de sal-gema. Operada pela mineradora Braskem, a extração deste minério gera problemas na região desde 2018, com o afundamento e tremores no solo.
Mas o que é exatamente o sal-gema e qual é o problema causado por sua extração?
A princípio, o sal-gema é o que o nome diz: sal. Ou, melhor dizendo, cloreto de sódio (NaCl). Na prática, ele é uma variação do sal de cozinha – a diferença é que ele é encontrado em depósitos subterrâneos, em jazidas de milhares de anos. O sal que você usa na cozinha vem da superfície, extraído do mar.
O sal-gema, em partes, também deriva da água do mar. Sua formação acontece por meio da evaporação da água dos oceanos, formando grandes depósitos de sal, em um processo que leva milhares de anos.
Para a sua extração, é necessário cavar poços bem profundos. Geralmente, essas jazidas de sal estão em camadas a mais de mil metros de profundidade. Quando os poços já estão abertos, é adicionado água para dissolver um pouco o sal, numa mistura chamada de salmoura. Feito a mistura, o material líquido é então bombeado até a superfície.
E é justamente por conta desse processo de extração que Maceió passa por dias de tensão. Ao retirar o sal-gema do local, é necessário que esses poços sejam preenchidos para manter a região estável. Soluções líquidas são utilizadas para isso, e é aí que mora parte do problema. Esse líquido acabou vazando, formando buracos na camada de sal, e tornando a região bastante instável.
Além disso, os pesquisadores ainda levantam outra hipótese para o problema. É possível que a zona de perfuração dos poços na cidade seja em uma região de falha geológica, blocos e regiões da crosta terrestre onde ocorreu (ou ocorrem), fissuras e rupturas em sua superfície.
O sal-gema possui diversas utilidades, principalmente para a indústria química. Por meio dele, é possível produzir cloro, sabão, detergente, vidro, pasta de dente, além de vários outros produtos de limpeza e higiene.
De acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), o Brasil está entre os 10 maiores produtores de sal do mundo (tanto o marinho quanto o sal-gema), com aproximadamente 7 milhões de toneladas extraídas em 2022. As maiores jazidas no país estão no estado do Espírito Santo.
A extração irresponsável pode acarretar impactos ambientais significativos na região. É necessário um monitoramento constante sobre o local, de forma a evitar a contaminação da água e do solo, bem como os deslocamentos de terra.