Há 66 milhões de anos, um asteroide causou uma extinção em massa na Terra. Ele caiu na Península de Yucatán, no México, e seu impacto desencadeou uma devastação ambiental levantando uma grande nuvem de poeira e bloqueando parte da luz solar. O evento resultou na extinção de cerca de 70% das espécies presentes na Terra, incluindo os dinossauros não-aviários – restaram apenas aqueles que deram origem às aves modernas.
Essa é a hipótese mais aceita para a extinção dos dinossauros, mas é debatido se eles estavam em declínio ou não antes do impacto.
Uma equipe internacional de cientistas investigou a questão. Em estudo publicado no último dia 29 na revista Nature Communications, os pesquisadores mostram resultados que apoiam um declínio ecológico dos dinossauros não-aviários bem antes do impacto do asteroide.
Os cientistas analisaram 1,6 mil fósseis. “Observamos as seis famílias de dinossauros mais abundantes em todo o Cretáceo, abrangendo de 150 a 66 milhões de anos atrás, e descobrimos que todos eles estavam evoluindo e se expandindo e claramente sendo bem-sucedidos”, afirma Fabien Condamine, autor principal do estudo e pesquisador do Institut des Sciences de l’Evolution de Montpellier (França).
“Então, há 76 milhões de anos, eles tiveram uma queda repentina. Suas taxas de extinção aumentaram e, em alguns casos, a taxa de origem de novas espécies caiu”, explica o pesquisador. Essa queda repentina dos dinossauros teria ocorrido, então, até 10 milhões de anos antes do asteroide – que teria sido o golpe final.
Os pesquisadores investigaram a influência de diversos fatores e exploraram diferentes tipos de causas possíveis para o declínio dos dinossauros. Eles descobriram que provavelmente houve dois fatores principais.
Um dos fatores provavelmente foi o resfriamento global. Os autores afirmam que os resultados mostraram que períodos quentes favoreciam a diversificação dos dinossauros, que provavelmente dependiam de temperaturas altas, enquanto períodos mais frios levavam ao aumento de extinções.
Outro fator principal para o declínio teria sido a queda da diversidade de dinossauros herbívoros. Segundo os pesquisadores, os hadrossauros teriam superado outros herbívoros e prevalecido nos ecossistemas – seus dentes mostram que eles eram capazes de comer uma variedade maior de plantas.
O declínio de herbívoros pode ter sido prejudicial para uma série de espécies de dinossauros. Segundo Mike Benton, pesquisador da Universidade de Bristol e co-autor do estudo, “a perda de herbívoros tornou os ecossistemas instáveis e propensos [aos eventos sucessivos de] extinção”.
Além disso, os pesquisadores acreditam que as espécies de dinossauros que tinham uma vida mais longa eram mais sujeitas à extinção – provavelmente elas apresentavam menos novidades evolutivas e eram menos capazes de se adaptar a mudanças nas condições ambientais do planeta.
É importante lembrar que o estudo oferece dados que apoiam a teoria de que os dinossauros estavam em declínio antes do impacto do asteroide, mas não pode confirmar a hipótese.