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Pesquisa identifica pegadas de dinossauros no Mato Grosso do Sul

A descoberta levou os pesquisadores a reclassificar a formação geológica da região. As pegadas pertencem a dois tipos de dinossauros diferentes.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 9 jan 2023, 22h39 - Publicado em 13 Maio 2021, 16h19
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  • Uma pesquisa de campo realizada na cidade de Nioaque, no Mato Grosso do Sul, revelou a presença de pegadas de dinossauros que caminharam na região há 140 milhões de anos. Os cientistas do Serviço Geológico do Brasil e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ainda encontraram fósseis de um animal vertebrado dentro de uma toca fossilizada. Os resultados foram publicados no Journal of South American Earth Sciences.

    Não é possível dizer a quais espécies as pegadas pertencem, mas a equipe identificou que elas são de dinossauros terópodes (carnívoros) e ornitópodes (herbívoros). Isso foi possível porque essas duas subordens de dinossauros tinham patas de formatos diferentes, o que se reflete nas pegadas. Na ilustração abaixo, a primeira pegada pertence a um ornitópode, enquanto as outras cinco são de terópodes.

     

    Imagem comparando as pegadas de dinossauros diferentes.
    (Rafael Costa da Silva (Museu de Ciências da Terra)/Reprodução)

    O pesquisador Rafael Costa da Silva, especialista em pegadas fósseis, mostra como identificar cada tipo de dinossauro: “Os herbívoros, como os ornitópodes, tem dedos mais arredondados, e a ponta parece um casco. Os terópodes têm um pé de galinha típico, com três dedos e garras nas pontas”.

    As pegadas também dão pistas do tamanho dos dinossauros. Os pesquisadores usam fórmulas matemáticas para calcular a que altura ficavam as articulações dos animais. Uma das técnicas é relativamente simples: cada pegada pode ser vista como o vértice de um triângulo. A distância entre elas é o tamanho da aresta, e a partir daí é possível estimar a altura das pernas. Os animais encontrados tinham de um a seis metros de comprimento.

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    Imagem mostrando a pegada de dinossauro.
    (Rafael Costa da Silva (Museu de Ciências da Terra)/Reprodução)

    Reclassificação geológica

    A descoberta fez com que os pesquisadores mudassem a classificação geológica do local. Até, então, acreditava-se que as rochas dessa região eram de origem glacial, formadas há 300 milhões de anos. Naquela época, o território onde hoje é o Brasil estava deslocado para o sul do globo, próximo à Antártida. Esse período é conhecido como Carbonífero. Foi só 100 milhões de anos depois que o movimento das placas tectônicas começou a levar os continentes à localização atual.

    Era consenso que as rochas de Nioaque tinham sido formadas no final do período Carbonífero. O problema é que não existiam dinossauros naquela época. Os primeiros répteis ainda estavam começando a surgir, e os gigantes só apareceriam mais de 50 milhões de anos depois. Como as pegadas de dinossauros foram encontradas nessas rochas, os pesquisadores concluíram que a datação deveria estar errada.

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    Assim como a biologia divide os animais em espécies, a geologia classifica as rochas por formações geológicas. O estudo mostrou que as rochas de Nioaque, na verdade, fazem parte da “Formação Botucatu” – uma composição de arenito formada há 140 milhões de anos, no período Cretáceo. Ela foi descrita pela primeira vez na cidade de mesmo nome, e se estende do Uruguai ao Mato Grosso do Sul.

    Toda essa área era coberta por um deserto de dunas, como o Saara. Foi nesse ambiente que os dinossauros deixaram as pegadas. Segundo Rafael, as patas afundavam e deixavam sua marca abaixo da areia. Os sedimentos que ficaram em cima podem ter ajudado a preservar as pegadas erosão da chuva e do sol.

    Além disso, os pesquisadores ainda identificaram que havia um sistema de rios que margeava o deserto. Isso também fez com que as patas dos dinossauros afundassem na lama e ficassem preservadas. Quando os rios secaram, esses locais foram cobertos pela areia do deserto, o que também pode ter ajudado na preservação.

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