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Plantas absorvem mais carbono do que se achava – mas por menos tempo

Usando dados sobre testes nucleares dos anos 1960, a pesquisa pode mudar o cálculo de previsão das mudanças climáticas.

Por Isabela Lobato
22 jun 2024, 14h00

Durante a fotossíntese, as plantas absorvem dióxido de carbono (CO²) da atmosfera, convertendo o carbono do gás em oxigênio e em estruturas orgânicas do vegetal. Uma pesquisa publicada na quinta-feira (20) na revista Science aponta que os modelos científicos atuais subestimam a capacidade de absorção da vegetação: elas capturam mais carbono do que se pensava.

Mas há um porém: esse armazenamento de CO² tem vida mais curta do que imaginávamos.

Os resultados foram obtidos por meio da análise do radiocarbono produzido durante os testes de bombas nucleares na década de 1960. Funciona assim: os testes aumentaram a concentração atmosférica de um isótopo radioativo específico do carbono (o tal radiocarbono, ou carbono-14), que não existia naturalmente na atmosfera antes. Esse elemento é absorvido pelo oceano e pela vegetação no processo de fotossíntese.

Desde antes dos testes nucleares, os cientistas já monitoravam a concentração de carbono-14 nos ecossistemas. Com esse rastreio histórico, é possível compreender melhor o tempo de ciclagem do carbono e como os gases emitidos durante os testes foram absorvidos e transformados em matéria orgânica.

De acordo com os cálculos, as plantas absorvem pelo menos 80 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano, cerca de 30% a mais do que a estimativa anterior, de 63 bilhões de toneladas anuais. 

Os autores explicam que esse dado é crítico para o planejamento de soluções baseadas na natureza para controle da mudança climática, porque muitas políticas apostam justamente no plantio vegetal e na preservação de áreas florestadas. Outras alternativas são as soluções de captura de carbono, que utilizam usinas para enterrar o gás carbônico comprimido no subsolo – uma solução temporária e ineficiente em termos energéticos.

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“Não existe qualquer tecnologia, hoje, que possa capturar carbono na escala em que isso precisa ser feito”, disse o físico Paulo Artaxo, da USP, nesta reportagem da Super sobre o tema. “Estamos a pelo menos 10 ou 15 anos de ela se tornar comercialmente viável. A única maneira de realmente atenuar a questão das mudanças climáticas globais é reduzir as emissões”, diz Artaxo, que também é membro do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), o grupo internacional de cientistas que produz os relatórios da ONU sobre aquecimento global.

A conclusão sugere que o dióxido de carbono produzido por ações humanas não permanecerá tanto tempo na biosfera terrestre quanto os modelos preveem atualmente. Se a conclusão do estudo se confirmar, pode impactar em todo o cálculo das previsões climáticas que são usadas para o desenvolvimento de políticas de mitigação do aquecimento global.

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