O uso de máscaras já foi tema de muito debate durante a pandemia. No início, com a falta de EPIs para os profissionais de saúde, a OMS e as autoridades de vários países recomendaram que o modelo N95 (o mais indicado) e as máscaras cirúrgicas comuns fossem deixados para quem está na linha de frente e para os pacientes com sintomas. O resto da população deveria seguir outras medidas de prevenção, como lavar as mãos e evitar tocar no rosto.
O cenário mudou no início de abril, quando cientistas chineses alertaram para o risco de não usar máscaras durante a pandemia – mesmo por quem está perfeitamente saudável. Alguns dias depois, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) passou a recomendar o uso de máscaras por toda a população.
As máscaras cirúrgicas e N95 ainda devem ser destinadas prioritariamente aos profissionais de saúde, mas uma nova modalidade entrou em jogo: as máscaras caseiras. Usando tecido e materiais fáceis de encontrar, muitas pessoas começaram a fabricar e vender EPIs caseiros. Apesar de não serem tão efetivas quanto as produzidas industrialmente, elas podem diminuir as chances de alguém infectado transmitir o vírus.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde, o CDC e outros órgãos internacionais recomendam o uso de máscaras caseiras. Em algumas cidades do Brasil, o uso já é obrigatório em supermercados, no transporte público e nas ruas.
Mas qual é a melhor maneira de fazer essas máscaras? Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Chicago analisou mais de 15 materiais caseiros que podem ser usados na confecção das máscaras, como algodão, flanela e seda. Os cientistas testaram as propriedades mecânicas e eletrostáticas dos tecidos, e avaliaram como essas variáveis influenciam na capacidade de filtragem de cada material.
Ao invés de soltar vários Sars-CoV-2 pelo laboratório, o estudo fez testes com partículas inanimadas que tinham algo entre 10 e 10 mil nanômetros, o que inclui partículas do tamanho do coronavírus, que tem entre 80 e 120 nanômetros. Para dar uma ideia, um fio de cabelo tem diâmetro 500 vezes maior que o vírus.
Eles descobriram que a melhor solução não está em um único material, e sim em uma combinação entre eles. Uma camada de algodão acompanhada de flanela, seda ou chiffon (usado em roupas de festa) confere eficiência de 80% na filtragem de partículas menores de 300 nanômetros, como o minúsculo causador da covid-19.
O resultado não é tão animador para quem não tem um vestido chiquérrimo para sacrificar em nome da saúde pública. Mas a notícia boa é que usar duas camadas de algodão (ou uma de algodão e outra de flanela) não é assim tão pior que usar uma de algodão e a outra de um material mais sofisticado.
O segredo é sempre usar mais de uma camada de tecido, mesmo que seja do mesmo material. Para o algodão, quanto maior for a contagem de fios, melhor.
É bom lembrar que nem uma máscara de chumbo vai funcionar se não for usada corretamente. O estudo concluiu que o EPI caseiro perde mais de 60% de eficiência se existirem brechas entre o tecido e o rosto. O que acontece quando usuário levanta a máscara para dar aquela respirada rápida, ou quando põe a mão para ajustá-la.
O ideal é não encostar na máscara enquanto ela estiver no rosto. O vírus pode passar da máscara para a mão e continuar circulando – daí a importância de lavar as mãos sempre que puder ou usar álcool quando não houver um banheiro por perto. Para retirá-la com segurança, basta usar o elástico que fica atrás da orelha.
É bom lembrar que as máscaras são apenas uma das medidas para retardar o avanço do vírus – uma que não é das mais efetivas. As principais recomendações dos órgãos de saúde continuam sendo as mesmas: praticar o distanciamento social, lavar as mãos com frequência e não tocar no rosto.