A Terra passou por muitas mudanças climáticas, além de grandes mudanças de temperatura, como as eras glaciais. Essas mudanças no meio ambiente podem refletir na fauna, cuja evolução pode ser observada diretamente por meio do registro fóssil.
Pesquisadores do Fish Evolution Lab, da Universidade de Oklahoma, investigaram se as mudanças de temperatura dos oceanos estão relacionadas ao tamanho dos peixes. Eles testaram essa hipótese usando peixes tetraodontiformes como grupo modelo.
Peixes tetraodontiformes são uma ordem de peixes com dentes unidos em placa, que não possuem barbatanas ventrais (ou elas são muito pequenas). A maioria são peixes marinhos tropicais: alguns exemplos são o baiacu e o peixe-lua.
Os pesquisadores descobriram que o tamanho do corpo desses peixes cresceu nos últimos cem milhões de anos, acompanhando o resfriamento gradual da temperatura do oceano.
A descoberta do estudo está de acordo com duas regras conhecidas de tendências evolutivas. A primeira é a regra de Cope, que afirma que os indivíduos de uma linhagem evolutiva tendem a aumentar em tamanho ao longo do tempo. A segunda é a regra de Bergmann, que diz que espécies maiores são encontradas em ambientes mais frios, e espécies menores são encontradas em lugares mais quentes. Ambas as regras possuem suas exceções, claro; mas, para os peixes estudados, ambas parecem se aplicar.
Um dos desafios de estudar peixes antigos é que existem poucos registros fósseis das espécies, ou eles estão mal preservados. Para completar a informação genética que faltava, os pesquisadores combinaram dados genômicos de peixes vivos com dados de fósseis.
São poucos os grupos que realmente têm um bom registro fóssil; mas, segundo os pesquisadores, os Tetraodontiformes são notáveis por “terem um registro paleontológico espetacular”.
Os dados genômicos e fósseis foram combinados com as informações das temperaturas dos oceanos. Esses peixes começaram pequenos, muito menores do que os atuais; por causa do resfriamento do oceano, elas foram aumentando de tamanho até se parecerem com as espécies que temos.
“É realmente emocionante ver suporte para essas duas regras biológicas em Tetraodontiformes, pois essas tendências são menos estudadas entre peixes marinhos em comparação com espécies terrestres”, conta Emily Troyer, uma das autoras do estudo. “No futuro, sem dúvida descobriremos mais sobre a evolução do tamanho corporal.”