Sushi é moda faz tempo no Brasil, mas continua caro. Pudera: todo o salmão que os brasileiros consomem é importado, principalmente do Chile. Mas isso pode mudar. A empresa americana AquaBounty está testando no País a produção do salmão AquAdvantage (AAS), primeiro animal geneticamente modificado a receber aprovação da FDA (agência dos EUA que regula alimentos e remédios).
“Nosso salmão cresce na metade do tempo. Atinge o peso de venda (4 a 5 quilos) em 16 a 20 meses, contra os 30-32 meses do salmão convencional. E come 25% menos ração”, diz Ron Stotish, CEO da AquaBounty. Para conseguir essa proeza, cientistas da Memorial University de Newfoundland (Canadá) introduziram no salmão do Atlântico o gene do hormônio do crescimento de outra espécie, o salmão-rei. O resultado foi o salmão transgênico. A AquaBounty o submeteu à FDA em 1993, mas a aprovação só veio em 2015.
Enquanto esperava, a empresa usou a engenharia genética para tornar a população de seus cardumes exclusivamente feminina e estéril. Os machos, cujo papel é fertilizar os ovos colocados pelas fêmeas, são cultivados em pequenas quantidades – e em tanques em terra, não em gaiolas no mar. São medidas de segurança para evitar que a nova espécie escape para o oceano, onde poderia causar desequilíbrios ambientais.
A água dos tanques é constantemente filtrada e o ambiente é controlado, o que reduz ou elimina o uso de antibióticos e hormônios. É a chamada Aquicultura em Sistema de Recirculação (RAS). As fezes são coletadas e transformadas em fertilizante – uma vantagem em relação à criação convencional, em que o cocô do salmão é liberado diretamente no mar.
Como é mais forte e cresce rápido, o salmão transgênico pode ser criado praticamente em qualquer lugar, inclusive nos trópicos. “Estamos testando a produção no Brasil, cuja demanda tem crescido”, diz Stotish, sem revelar o local da experiência. Se o projeto for adiante, teremos salmão transgênico nacional – e mais barato.