Se você e seus pais tiveram boletins parecidos na escola, não é coincidência alguma – pelo menos em matemática. Um estudo da Universidade de Pittsburgh concluiu pela primeira vez que dá para prever o desempenho dos filhos olhando para o talento matemático dos pais.
Os pesquisadores dividiram essas capacidades em dois grupos. De um lado, a matemática que aprendemos na escola, ou seja, a habilidade de calcular e entender a relação entre os números. Do outro, um aspecto mais intuitivo, chamado de Sistema de Aproximação Numérica.
Esse segundo grupo trata de um senso numérico que já nasce com os bebês (tanto humanos quanto de outros mamíferos) e vai se desenvolvendo ao longo da vida. Ele não permite fazer contas, mas ajuda a entender diferenças de grandeza – o que faz, por exemplo, que um bebê de poucos meses já manje qual pilha de Lego é maior.
No estudo, tanto adultos quanto crianças passaram por um teste que media essa aproximação numérica. Em uma tela, eles tinham meio segundo para avaliar duas pilhas de bolinhas coloridas e indicar qual era a maior. No final do estudo, os cientistas perceberam que os filhos dos pais com o melhor desempenho também tendiam a acertar mais no teste – e a mesma coisa acontecia com rendimentos piores.
Além de prever a intuição dos filhos para os números, o desempenho dos pais em testes de habilidades matemáticas também tinha uma forte relação com os acertos dos filhos em exames de cálculo e de resolução de problemas aplicados – o que, na escola, tem ligação direta com a nota do boletim.
Os cientistas ainda não sabem o suficiente sobre a hereditariedade da matemática para dizer se ela tem origem genética ou se pais que são bons em matemática tendem a estimular mais o interesse dos filhos em números e cálculos. Mas, como a percepção numérica intuitiva não é uma habilidade que se possa aprender ou ensinar, são grandes as chances que seu talento para matemática esteja marcado no seu DNA.