No meio de tanto empolgação com as novas possibilidades trazidas pela tecnologia, alguns cientistas jogam do lado do pessimismo. Stephen Hawking é um deles: o físico quer usar seus talentos para ajudar a descobrir se existe vida fora da Terra. No entanto, ele sabe que tem uma das mentes mais brilhantes do planeta – mas não do Universo, e esse é seu medo.
Hawking acaba de lançar um novo documentário em parceria com o site Curiosity Stream, um Netflix com conteúdo de História e Ciência. Com 25 minutos, o filme, feito em computação gráfica, leva Stephen Hawking em uma “nave espacial” chamada SS Hawking. Lá dentro, ele visita seus lugares favoritos no tempo e no espaço. A viagem começa, é claro, no Big Bang, onde o cientista conta a história do Universo em paralelo a suas aventuras pessoais na pesquisa e no combate à esclerose amiotrófica lateral.
São só imagens lindas até o momento que o cientista chega em Gliese 832c, um planeta a 16 anos-luz da Terra, e começa a refletir sobre vida alienígena. Hawking tem tanta certeza de que não estamos sozinhos no Universo que é um dos líderes do projeto Breakthrough. A iniciativa milionária, apoiada pelo empresário russo Yuri Milner e até por Mark Zuckerberg, é um tanto quanto maluca.
Na fase atual, o projeto quer escanear os planetas mais próximos da Terra em busca de vida. Mas o que preocupa Hawking não é encontrar aliens – e sim o que fazer depois que eles aparecerem.
Colombo e bactérias humanas
O cientista gosta de usar a descoberta da América como metáfora: quando Colombo chegou por essas bandas e deu de cara com os índios, os primeiros encontros “não deram muito certo”, como define o físico.
A grande preocupação dele é que uma civilização capaz de entrar em contato conosco pode estar bilhões de anos a nossa frente em termos de desenvolvimento e inteligência. “Se for o caso, eles nos verão como seres tão valiosos como as bactérias são para nós”, afirma no filme.
Hawking não é o único a pensar assim. Neil deGrasse Tyson, outro “cientista pop”, também acredita que se existe vida mais inteligente que a nossa no Universo, esses seres podem estar nos assistindo por diversão, como animais em um zoológico. Tyson usa o próprio Hawking na sua metáfora: “Uma mente tão brilhante quanto a de Stephen pode ser equivalente à de um bebê alienígena.”
Essas preocupações não são só teóricas, visando um futuro distante. Stephen Hawking acha que já cometemos um erro grave. Desde as primeiras missões espaciais a humanidade emite sons e sinais para tentar localizar vida extraterrestre, o que revela nossa localização para todos as regiões mais próximas no Universo.
Há 40 anos, as sondas Voyager passeiam fora do Sistema Solar carregando CDs banhados a ouro, esperando para ser encontrados por formas de vida inteligentes o suficiente para dar play e escutar Beatles e Beethoven. Se Hawking estiver certo e o pior acontecer, o melhor é torcer para que os aliens, no mínimo, apreciem nosso gosto musical.