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Suicidas têm alterações moleculares no cérebro

No sangue também. E isso talvez possa ajudar a identificar esse risco.

Por Maria Clara Rossini
1 Maio 2024, 10h00

Um grupo de pesquisadores da Unicamp e da UFSC descobriu que há alterações bioquímicas no cérebro e no sangue de pessoas que cometeram suicídio. Eles analisaram estudos feitos em cadáveres com diversas causas de morte, e encontraram (1) certas alterações apenas em pessoas que haviam tirado a própria vida. Conversamos com Manuella Kaster, uma das coordenadoras da pesquisa.

Quais foram as alterações moleculares detectadas no estudo?
As principais alterações foram vistas no córtex pré-frontal, com destaque para o GABA [um neurotransmissor]. Também vimos que uma grande parte das alterações moleculares está associada a células gliais.

Elas interagem com os neurônios e são fundamentais no controle da comunicação celular, metabolismo e plasticidade [neural]. A análise também encontrou alterações em alguns fatores de transcrição [moléculas responsáveis por regular a expressão de genes]. Entre eles, o fator de transcrição CREB1, que tem efeitos na neuroplasticidade e é um alvo importante de remédios antidepressivos.

Como esses marcadores se traduzem no comportamento do indivíduo?
O córtex frontal é a região do cérebro envolvida na função executiva [a capacidade de fazer planos, seguir instruções e manter o foco, entre outras coisas]. A redução da sua atividade está associada a prejuízos no controle cognitivo e emocional, na tomada de decisão e no controle de pensamentos negativos. A redução dessas conexões pode estar relacionada a prejuízos funcionais e menor capacidade de adaptação ao estresse.

Já a liberação de GABA pode influenciar a resposta de neurônios serotoninérgicos e dopaminérgicos [relacionados a sensações de prazer e recompensa]. Não se trata tanto dos níveis desses neurotransmissores, mas da interação entre os diferentes neurônios nas regiões do cérebro.

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Seria possível avaliar o risco de suicídio por meio de um exame de sangue ou teste genético?
A avaliação clínica [com psicólogo ou psiquiatra] é sempre a principal forma de identificação. Análises moleculares no sangue podem complementá-la. Diversos estudos demonstram que existe um componente genético ligado ao suicídio.

Contudo, por ser um comportamento complexo, múltiplos genes estão associados – e há impacto de fatores biológicos, sociais e psicológicos. É cedo para falar em exames ou testes genéticos, mas estudar a biologia por trás do comportamento e os múltiplos fatores em associação é o primeiro passo.

Fonte 1. “Depicting the molecular features of suicidal behavior: a review from an “omics” perspective”. M Kaster e outros, 2024.

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