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Terra primitiva era coberta por uma só camada rochosa, diz estudo

Nova pesquisa aponta que as placas tectônicas não estariam presentes desde a formação do planeta – elas teriam surgido ao menos 1 bilhão de anos depois

Por Guilherme Eler
Atualizado em 1 mar 2017, 20h19 - Publicado em 1 mar 2017, 20h16

A aparência atual da Terra está diretamente associada à dinâmica das placas tectônicas. Cobrindo toda a crosta terrestre, essas gigantescas porções rochosas estão em interação constante, afastando-se ou aproximando-se umas das outras. Tais movimentações modificam a superfície do nosso planeta, causando desde alterações no relevo e na formação dos continentes até fenômenos como erupções vulcânicas e terremotos.

Essa estrutura fragmentada da crosta, no entanto, seria muito diferente da observada no início da formação do planeta. A Terra, há 4,5 bilhões de anos, podia ser comparada a um ovo: uma casca irregular, mas homogênea, envolvia a superfície em uma camada rochosa única, constituindo um só gigantesco continente. É o que defende um estudo desenvolvido na universidade australiana Curtin University, e publicado na revista Nature.

Em parceria com a Geological Survey of Western Australia, organização ligada ao Departamento de Minas e Petróleo do governo australiano, a equipe estudou rochas coletadas em East Pilbara Terrane, área de crosta granítica localizada no estado de Western Australia. Formados há pelo menos 3,5 bilhões de anos, tais exemplares possuíam em sua composição uma série de elementos químicos característicos de rochas basálticas, encontradas essencialmente em regiões de erupções vulcânicas.

A tarefa do grupo foi, então, entender quais características permitiriam a existência desse tipo de formação rochosa sem a presença de atividades vulcânicas na região, uma vez que a Austrália encontra-se no centro da placa Indo-australiana – e a proximidade de zonas de convergência de placas é a principal condição para a existência de vulcanismo.

Por meio de uma série de simulações, concluiu-se que a transformação de rochas graníticas em basálticas seria possível na presença de temperaturas e pressões altíssimas nas camadas mais superiores. Essas condições seriam garantidas por um isolamento rochoso, que mantivesse o calor próximo à superfície terrestre. A carapaça rochosa, que envolvia a Terra no início de sua formação, teria sido quebrada em um momento posterior, e dado origem às placas tectônicas que conhecemos hoje.

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Algumas das hipóteses levantadas para explicar a origem dos continentes consideram a ocorrência de mudanças uniformes na crosta ao longo do tempo. A transformação lenta e gradual da superfície terrestre foi proposta por Charles Lyell em 1830, e ficou conhecida como uniformitarianismo. A teoria da deriva continental, desenvolvida na década de 1960, endossa a explicação. Atuantes desde a formação do planeta, as forças de afastamento presentes na crosta teriam organizado gradualmente os continentes da maneira como conhecemos hoje. Os resultados da pesquisa australiana, no entanto, apontam na direção contrária, indicando a ocorrência de mudanças mais profundas.

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