Na última segunda-feira (15), astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) tiveram que se proteger de uma grande nuvem de destroços. Eles foram instruídos a fechar escotilhas e se abrigar por duas horas nas duas cápsulas mais protegidas do complexo.
Os destroços surgiram de um teste de dispositivo anti-satélite realizado pela Rússia, que explodiu o Kosmos-1408, satélite russo lançado em 1982 e desativado há muitos anos. O satélite se partiu em milhares de pedaços de tamanhos variados: alguns de poucos metros de largura, e outros de centímetros – sem contar aqueles pequenos demais para serem rastreados.
Detritos espaciais
O problema desses fragmentos é o impacto que podem causar na alta velocidade em que viajam. Em maio, uma colisão de lixo espacial perfurou a lataria de um braço robótico da ISS, por exemplo. Mas a maior preocupação é com os astronautas, que realizam caminhadas no vácuo e ficam expostos a possíveis acidentes com esses detritos.
Hoje estima-se que há cerca de 130 milhões mini fragmentos ao redor da Terra. Eles são variados: podem ser pedaços de rocha, partes de satélites e foguetes antigos ou destroços de colisões e testes anteriores.
Além de representarem um perigo para missões tripuladas, também são uma ameaça para as pessoas aqui na Terra, porque podem atingir e prejudicar o funcionamento de satélites, por exemplo – importantes para comunicações, sistemas de navegação e dados meteorológicos.
A quantidade de detritos espaciais aumentou com o passar do tempo. E, assim, a chance de colisões entre eles, satélites e espaçonaves também aumenta. Por isso, testes como o realizado recentemente pela Rússia são motivo de preocupação.
Testes anti-satélite
As agências espaciais têm desenvolvido e testado armas anti-satélite (conhecidas pela sigla ASAT) desde 1960. Elas são quaisquer armas capazes de destruir ou prejudicar temporariamente um satélite em órbita. São variadas: existem ASATs que funcionam pelo choque físico em alta velocidade com o alvo; outras usam lasers ou interferências de frequência.
Os Estados Unidos, a Rússia, a China e a Índia já atacaram alguns de seus próprios satélites para demonstrar a capacidade de suas ASATs. Em 2007, por exemplo, a China destruiu um de seus satélites meteorológicos aposentados, criando mais de dois mil fragmentos rastreáveis que hoje vagam pelo espaço.
Bill Nelson, administrador da NASA, se manifestou sobre o último teste russo, alegando “indignação” e dizendo que é “impensável que a Rússia coloque em risco” a tripulação da ISS – composta atualmente por quatro astronautas norte-americanos, um alemão e dois russos.
A França também condenou o teste, descrevendo-o como “desestabilizador, irresponsável e passível de ter consequências por muito tempo no ambiente espacial e para todos os sujeitos no espaço”.
Enquanto isso, a agência espacial russa Roscosmos minimizou o acontecido, afirmando que atua para prevenir e combater todas as ameaças possíveis à segurança da ISS.