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Vacina da dengue: 5 pontos para entender o imunizante do Butantan

Desenvolvido pelos EUA e o Brasil, ele apresentou eficácia de 79,6%. Veja uma comparação com as vacinas que já existem contra a doença.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 1 fev 2024, 18h46 - Publicado em 1 fev 2024, 18h42

O Instituto Butantan revelou na última quarta-feira (31) novas informações sobre a sua vacina contra a dengue. Publicado na revista científica  New England Journal of Medicine, o estudo mostrou que ela protegeu 79,6% dos imunizados contra pelo menos duas variantes da doença.

A notícia veio durante um aumento no número de casos de dengue no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, só nas quatro primeiras semanas de 2024, o país já registrou mais de 217 mil casos, mais que o triplo do mesmo período do ano passado.

Nesse ritmo, a estimativa é de que o país registre até 4 milhões de casos em 2024. Mas o número de possíveis vítimas da dengue é muito maior. Segundo uma pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, o número de pessoas suscetíveis a contrair o vírus pode chegar a até 6 bilhões até o ano de 2080. O motivo: o aquecimento global, que aumenta as possíveis áreas de atuação do mosquito (o Aedes aegypti adora regiões quentes, afinal).

O imunizante do Butantan foi desenvolvido para combater a infecção dos 4 sorotipos diferentes do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Contra o DENV-1, apresentou uma eficácia de 89,5%; para o DENV-2, 69,6%. Durante o período de estudos, entretanto, não foram detectadas as variantes do tipo 3 e 4.  Apesar disso, os pesquisadores estão confiantes de que o imunizante também seja eficaz contra elas.

Os resultados foram publicados após o terceiro ensaio clínico, que contou com a participação de 16.235 voluntários de todo o Brasil. Com idades entre 2 e 59 anos, os voluntários estavam espalhados em 16 centros de pesquisa do país. É a última fase de testes antes de uma possível aprovação.

“Os dados da fase 3 são muito animadores. A publicação na NEJM (New England Journal of Medicine), uma revista de prestígio, reforça a qualidade dos ensaios clínicos conduzidos pelo Butantan, a capacidade dos centros de pesquisa e cientistas envolvidos no projeto e o reconhecimento internacional do Instituto”, disse Esper Kallás, diretor do Butantan e autor principal do novo estudo.

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Abaixo, confira os cinco principais pontos para entender a vacina.

Como a vacina foi feita?

Por meio de uma parceria entre o Brasil e o Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH). O desenvolvimento começou em 2009 nos EUA, com os pesquisadores buscando desenvolver formas de enfraquecer diferentes variantes do vírus.

Depois, a patente da tecnologia da vacina e das quatro cepas do vírus foram licenciadas para serem desenvolvidas aqui no Brasil. Com o material em mãos, o Butantan desenvolveu uma nova forma de armazenamento e aplicação da vacina por meio de liofilização: transformar em pó a parte líquida da vacina para facilitar o transporte (eliminando a necessidade de armazená-las a uma temperatura de -70 ºC). Graças a um diluente desenvolvido pelo Instituto, o composto se dissolve novamente durante a aplicação.

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Após a 1ª e 2ª fase dos ensaios clínicos (realizados nos EUA e no Brasil, respectivamente), a vacina se mostrou eficaz na produção de anticorpos para os quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue.

Qual a diferença entre a nova vacina para as vacinas atuais?

A principal diferença da nova vacina para as antigas está nas doses necessárias para a imunização.

A Dengvaxia funciona com 3 doses, enquanto a QDenga funciona com 2. Além disso, ambas possuem um limite de idade para serem aplicadas. A primeira é indicada para pessoas entre 6 e 45 anos; a segunda, para quem tem de 4 a 60 anos. 

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A nova vacina do Butantan possui vantagem em relação às duas nos dois quesitos. Além de ser dose única, ela possui um alcance maior para a imunização, podendo ser aplicada em crianças de 2 até adultos de 60 anos.

Em relação à eficácia, a vacina brasileira se equipara a elas. A Dengvaxia tem 65% de eficácia para doença sintomática e 79% para casos graves e 93% para dengue hemorrágica. Já a QDenga, que a partir de fevereiro será distribuída pelo SUS em algumas regiões do Brasil, tem 63% de eficácia qualquer grau da doença.

Quem pode tomar o imunizante?

Qualquer pessoa que tenha entre 2 e 60 anos. Os testes realizados mostraram uma taxa de eficácia de 90% em adultos de 18 a 59 anos, de 77,8% de crianças de 7 até adolescentes de 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos.

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Além disso, o novo imunizante pode ser tomado tanto por pessoas que já tiveram contato com o vírus como aquelas que nunca tiveram. Nas que já tiveram alguma forma de contato (e portanto já apresentam anticorpos), a proteção foi de 89,2%. Para quem nunca teve contato, a eficácia foi de 73,6%.

A nova vacina possui efeitos colaterais?

Sim, mas eles foram classificados de leves a moderados. As principais reações apresentadas foram vermelhidão e dor no local da picada, sinais de dor de cabeça e cansaço. 

Eventos colaterais mais sérios foram registrados em menos de 0,1% dos voluntários. Todos, porém, se recuperaram completamente.

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Quando ela estará disponível?

Concluída a terceira fase de testes, a vacina segue agora para aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O Butantan deve enviar todos os dados ao órgão no segundo semestre deste ano. Só depois disso saberemos quando o imunizante estará disponível para a população.

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