Sabemos que o Big Bang existiu por um motivo: as galáxias afastam-se umas das outras. Há exceções: Andrômeda, nossa vizinha, está em rota de colisão com a Via Láctea. O choque deve acontecer em mais ou menos 4 bilhões de anos.
Como o espaço interestelar dentro das galáxias é vasto o bastante, não será exatamente uma batida, mas uma fusão – que vai deixar o céu bem mais estrelado. No geral, porém, o que as galáxias fazem é fugir. Quanto mais distantes elas estão entre si, mais rápido é o ritmo da expansão, como se cada uma fosse uma coisa desenhada na superfície de um balão.
O enchimento desse balão é a expansão do Universo. E se o Universo visível está se expandindo neste momento, é natural que, um dia, ele tenha sido bem pequeno. De fato: os cálculos feitos para modelar o passado remoto do cosmos mostram que, há 13,8 bilhões de anos, tudo o que dá para ver daqui da Terra (uns 100 bilhões de galáxias) estava espremido em um espaço infinitesimal.
Nanoscópico, na verdade: se desse para encolher a Terra até o ponto em que ela pudesse caber na ponta de um alfinete, um alfinete lá dentro dessa micro-Terra ainda acomodaria com folga essa semente do Universo.
Há 13,8 bilhões de anos, ela começou a se expandir, no evento que convencionou-se chamar de Big Bang. E o Big Bang continua big-bangando, pois o espaço ainda se expande. A uma velocidade cada vez mais acelerada.
Esse esticamento é simplesmente a criação de mais espaço livre dentro do tecido cósmico (e não, ninguém faz ideia de onde vem esse espaço novo). O fato é que chega espaço para caramba. O bastante para que as galáxias visíveis mais distantes afastem-se da nossa a uma velocidade próxima à da luz, 1,079 bilhão de km/h.
A coisa é que elas seguem acelerando, para além da velocidade da luz. A Teoria da Relatividade prova por A+B que nada pode se mover mais rápido do que isso. Mas o que temos aí não é exatamente movimento. É o tal surgimento de mais e mais espaço entre as galáxias. E para isso não há um limite. Logo, cada vez mais galáxias desaparecem para sempre do nosso campo de detecção – passam a se afastar tão rápido que a luz delas nunca mais chegará ao nosso céu. Nunca mais.
Daqui a bilhões e bilhões de anos, quem estiver aqui na Via Láctea e observar o céu não verá nenhuma outra galáxia lá em cima. Essa futura civilização, seja ela feita da forma de vida que for, irá concluir que o Universo inteiro consiste no aglomerado de estrelas em que habita, e que o resto é vazio absoluto. Os cientistas dessa civilização jamais terão meios para descobrir que um dia houve o Big Bang. Isso só vai acontecer se a informação de que um dia o céu era coalhado de galáxias que fugiam umas das outras chegar até esse pessoal.
Então fica a lição do dia, Gorpo: cuide bem das informações que você adquire. Elas são a única coisa que dura para sempre.