Black Friday: assine a partir de 1,00/semana
Imagem Blog

Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
Continua após publicidade

ChatGPT acusa professor de assédio sexual – e usa como prova reportagens que não existiram

Algoritmo inventou o incidente e as fontes de informação, que soam reais mas são completamente fictícias; australiano se diz vítima de caso similar e ameaça processar a OpenAI; difamação por IA pode se tornar um problema real no futuro próximo

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 abr 2023, 12h14 - Publicado em 10 abr 2023, 12h00

Algoritmo inventou o incidente e as fontes de informação, que soam reais mas são completamente fictícias; australiano se diz vítima de caso similar e ameaça processar a OpenAI; difamação por IA pode se tornar um problema real no futuro próximo

“Em 2018, uma ex-estudante da George Washington University Law School chamada Caroline Heldman acusou o Professor Jonathan Turley de assédio sexual. Heldman alegou que Turley fez comentários e avanços impróprios, várias vezes, quando ela era sua aluna, no final dos anos 1990”. Essa frase foi gerada pelo ChatGPT – e pode ser o primeiro exemplo de difamação gerada por inteligência artificial. 

Turley, que é professor de Direito, ficou sabendo do caso quando foi contatado pelo jurista americano Eugene Volokh, que estava pesquisando a capacidade do ChatGPT de fornecer dados incorretos – e pediu à IA que fornecesse uma lista de juristas que haviam cometido assédio sexual. O robô forneceu vários nomes, entre eles o de Turley, que foi avisado disso pelo colega. 

O ChatGPT disse que o assédio teria ocorrido durante uma viagem ao Alasca, e citou como fonte uma reportagem publicada em março de 2018 no jornal Washington Post. Só que essa reportagem nunca foi publicada. A viagem ao Alasca não aconteceu, pois Turley nunca deu aula na George Washington – nem acusado de assédio sexual. O robô tinha inventado tudo. 

O delírio do ChatGPT foi revelado pelo Washington Post, e teve certa repercussão nos EUA. Mas, até o momento, a OpenAI não fez nada: o bot continua gerando a mesma falsa história. O primeiro parágrafo deste texto foi gerado hoje, quando pedi a ele que me contasse “sobre o caso de assédio sexual envolvendo Jonathan Turley”. 

Continua após a publicidade

Quando pedi as fontes da informação, o ChatGPT fez pior ainda. Além de citar o tal artigo do Washington Post, que não existiu (“GWU Law professor accused of sexual harassment by former student”, dez/2018), também mencionou reportagens da emissora NBC News e do The National Law Journal, bem como uma suposta defesa que teria sido publicada no blog do próprio Turley. Tudo completamente fictício.  

Isso provavelmente é um caso de “alucinação”: um fenômeno típico dos modelos de linguagem, como o GPT, que funcionam picotando e recombinando palavras – mas, de tanto fazer isso, eventualmente geram combinações e frases completamente distorcidas (sem qualquer relação com os dados “reais”, copiados da internet, que foram usados para alimentar o algoritmo). 

O problema é que os robôs fazem isso com fleuma, no mesmo tom eloquente -e razoavelmente crível- de sempre. A difamação por IA pode se tornar um problema grave conforme os bots forem sendo incorporados às ferramentas de busca. 

Continua após a publicidade

Brian Hood, prefeito de Hepburn Shire, na Austrália, está ameaçando processar a OpenAI por um caso similar: o ChatGPT diz que ele foi condenado por um escândalo de propina no Reserve Bank of Australia, na década de 2000. 

Segundo seus advogados, Hood delatou o esquema, mas não participava dele – e não foi sequer acusado pelas autoridades. Eles deram à OpenAI um prazo de 28 dias, que termina no final de abril, para corrigir a resposta do ChatGPT.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.