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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Coronavírus também pode ser transmitido pela fala

Experiência feita por cientistas do governo americano constatou que o simples ato de falar com outra pessoa é suficiente para expelir milhares de microgotículas de saliva contendo SARS-CoV-2

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Atualizado em 8 abr 2020, 19h03 - Publicado em 8 abr 2020, 15h10
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  • Experiência feita por cientistas do governo americano constatou que o simples ato de falar com outra pessoa é suficiente para expelir milhares de microgotículas de saliva contendo SARS-CoV-2 

    Ao pronunciar a expressão “stay healthy” (“mantenha-se saudável”, em inglês), uma pessoa expele até 360 microgotículas de saliva, que se projetam de forma quase imediata – em 16,6 milissegundos (ou 0,016s) elas já estão no ar, indo em direção ao interlocutor, ao qual podem transmitir o novo coronavírus. Essas são as conclusões de um estudo assinado por três cientistas americanos, dois dos quais trabalham no National Institutes of Health (NIH), o órgão de pesquisas médicas do governo dos EUA.  

    Na experiência, os cientistas usaram um feixe de laser para iluminar as microgotículas de saliva, que foram filmadas com uma câmera de alta velocidade. Elas são invisíveis a olho nu e têm em média 1 micrômetro – ou seja, são muito menores do que as gotículas emitidas ao tossir ou espirrar (50 micrômetros). Por isso, podem ser especialmente eficazes na propagação do SARS-CoV-2, pois conseguem ficar em suspensão no ar por mais tempo.

    stay healthy
    Número de partículas expelidas durante o teste (à esq.); imagem capturada com laser mostrando dispersão das microgotas no ar (à dir.) (NIH/Reprodução)

    Os cientistas não mediram o período de suspensão das microgotículas, nem a distância que elas podem alcançar. Um estudo anterior revelou que o novo coronavírus permanece no ar por até 3 horas (depois ele cai e se deposita nas superfícies, nas quais se mantém viável por até 72 horas). Essa pesquisa usou vírus “puro”, não microgotículas de saliva – que são mais pesadas, e por isso caem mais rápido. Mas cada vez mais estudos têm apontado na mesma direção: a propagação do SARS-CoV-2 pelo ar, ao contrário do que se imaginava no começo da crise, é um fator decisivo no espalhamento do vírus. 

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    Segundo os cientistas do NIH, a descoberta pode ajudar a explicar a alta disseminação do novo coronavírus, que provoca infeções assintomáticas, ou com sintomas leves, em 50% a 80% dos casos. Indivíduos sem sintomas podem estar espalhando o SARS-CoV-2 para outras pessoas ao falar com elas em locais públicos. Durante a fase assintomática da doença, a carga viral no organismo pode ser tão alta quanto em pessoas que já desenvolveram a Covid-19.  

    Os pesquisadores refizeram o teste utilizando uma máscara caseira – que se mostrou completamente eficaz para barrar a liberação das microgotas de saliva. Para eles, o uso de máscaras ou “qualquer tipo de cobertura da boca, por todas as pessoas”, “bem como a estrita adesão ao distanciamento social e à higiene das mãos”, podem ser essenciais para desacelerar a pandemia. Isso condiz com as normas da maioria dos países, que desde a semana passada têm recomendado que as pessoas cubram o nariz e a boca em locais públicos.

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