Bem, amigos do blog. Estamos chegando ao final de mais um ano. É hora de, como fizemos em 2012 e em 2013, relembrar os principais acontecimentos do mundo da tecnologia. Vamos a eles.
10. iOS 8 e iPhone grande
O iOS 8 é um refinamento do iOS 7. Não é radical como o antecessor. Mas trouxe duas coisas que chamaram a atenção. A primeira é o sistema Apple Pay, que permite pagar coisas usando o iPhone – e já nasceu aceito em 200 mil estabelecimentos comerciais dos EUA. Graças à força de negociação da Apple, é a primeira vez que uma tecnologia do tipo tem chance de dar certo (o Google já tentou, e fracassou). A outra novidade é menos visível, mas até mais impactante: são as chamadas “extensões” do iOS 8. Elas permitem que os aplicativos troquem informações entre si. Isso torna mais fácil mandar um link por Whatsapp ou salvar um texto no Instapaper, por exemplo. Nessas situações, o iOS passou a funcionar do mesmo jeito que o Android. Impressão reforçada, aliás, pelo esperado lançamento do iPhone 6 – cuja tela maior finalmente equipara a Apple ao tamanho que virou padrão nos Android, 4,7 polegadas.
9. Apple Watch
Ok, ele ainda nem foi lançado. E na primeira demonstração do relógio, em setembro, a Apple nem mostrou direito como ele funciona ou o que realmente pode fazer. Mas o que exibiu foi o suficiente para impressionar. O Apple Watch parece melhor e mais elegante que os smartwatches já no mercado, como os modelos da LG, Samsung, Sony e Motorola. Se de fato será, só saberemos em 2015. Nem a própria Apple parece totalmente segura do caminho a seguir. Tanto que, numa medida surpreendente, liberou a API (interface de programação) do relógio antes mesmo de lançá-lo, para que terceiros já se adiantem e desenvolvam apps para ele. Isso inverte totalmente a lógica do iPhone – que nasceu fechado, e só depois de muita insistência foi aberto para aplicativos de terceiros. Novos tempos.
8. A reação da Microsoft
Nas últimas três décadas, a Microsoft errou com certa frequência; algumas vezes, errou feio. Mas não pode ser acusada de teimosia. A história da empresa está cheia de episódios em que ela se deu conta do que tinha feito, corrigiu os próprios erros e deu a volta por cima. Em 2014, isso aconteceu duas vezes. Primeiro foi o reposicionamento do Xbox One. A Microsoft resolveu empurrar o sensor Kinect junto com o console – que, por isso, saiu custando mais caro do que o PlayStation 4 (nos EUA e no mercado cinza brasileiro). Essa diferença, e uma certa desvantagem de potência, fizeram o Xbox One ficar bem para trás do PS4 em vendas. Mas a Microsoft descartou o Kinect, abaixou o preço, investiu em jogos exclusivos e reagiu. Pelos últimos números, tem 10 milhões de consoles vendidos (contra 14 da Sony). Ainda está atrás, mas está diminuindo a diferença. A outra mudança foi no Windows, cuja nova versão finalmente traz de volta o tradicional Menu Iniciar. Ou seja, volta a funcionar como o Windows tradicional. Tá certíssimo.
7. A ultravigilância do Google
Se você usa celular Android, o Google mantém um relatório com todos os lugares onde você esteve. Todos mesmo, em todos os minutos de todos os dias da sua vida. E você pode ver tudo com os seus próprios olhos. Essa constatação desagradável, a que chegamos em agosto, deu o que falar – o post foi o mais lido do ano neste blog, com mais de 740 mil acessos. Parece que o monitoramento constante que todos sofremos na internet, nas redes sociais e nos smartphones finalmente começou a incomodar.
6. Material Design
A Apple é boa em design, mas é fraca em serviços online. O Google é bom em serviços online, mas é fraco em design. Essa sempre foi a relação de forças entre as duas empresas. Em 2014, ela mudou – porque o Google finalmente acertou a mão no design. Quatro anos depois de ser contratado, o chileno Matias Duarte (que era da Palm) finalmente conseguiu transformar a aparência dos produtos do Google, que hoje são reconhecidos pela beleza e pela consistência visual. Esse processo teve seu apogeu com a introdução da Material Design, a linguagem visual adotada em todos os produtos do Google – do Gmail ao Android. É muito bonita, e não deixa nada a dever para o iOS.
5. A volta da realidade virtual
Lembro da primeira vez em que usei um aparelho de realidade virtual. Foi um capacete Virtuality, nos anos 90. Eu era criança, e achei incrível. A mídia não parava de falar em realidade virtual, em como ela iria ser a grande revolução tecnológica da humanidade, etc e tal (meio como hoje se refere às redes sociais, mas isso é outra história). O fato é que o tempo foi passando, e ninguém encontrou uma utilidade concreta para a RV. Ou melhor: utilidade, até que sim. Mas faltava o poder de processamento para gerar cenários virtuais convincentes – o pulo dos gráficos tosquinhos para o fotorrealismo se mostrou muito maior e mais difícil do que o imaginado. Mas agora, 20 anos depois, a realidade virtual parece estar renascendo. Em março o Facebook anunciou a compra, por US$ 2 bilhões, da Oculus Rift – que está desenvolvendo um sistema de RV bem legal. E a Sony revelou o Project Morpheus, um capacete de RV para o PlayStation 4 que pode ser lançado no ano que vem.
4. O caso Heartbleed
Falhas de segurança aparecem todos os dias. Mas nunca existiu uma tão grande. Batizada de Heartbleed, a brecha afetou nada menos do que 66% de todos os sites da internet – se você tivesse conta em algum deles, a sua senha poderia ser roubada. Aos poucos, o problema foi sendo consertado. O interessante é que a National Security Agency, a superagência de espionagem americana, tinha conhecimento da falha e a explorava desde 2012 para acessar as contas das pessoas que desejava monitorar. Como ela provavelmente tem, hoje, acesso a outras brechas que não são de conhecimento público.
3. A morte da Nokia
A Nokia foi vendida para a Microsoft em 2013, mas teve alguma sobrevida – este ano, chegou até a lançar um celular Android (coisa que poderia ter salvo a empresa). Mas finalmente acabou. Em setembro, a Microsoft matou a marca Nokia, cujo nome deixou de ser usado nos celulares que ela vende nos EUA. No Brasil, isso ainda não aconteceu, mas parece questão de tempo. Em novembro, o que sobrou da Nokia até ensaiou uma volta, com o lançamento do tablet N1. Mas é um aparelho meio genérico, que mais parece uma cópia do iPad Mini – e é fabricado pela chinesa Foxconn. Não é um verdadeiro Nokia.
2. O Facebook nas eleições
Uau. Mesmo agora, dois meses após o pleito, ainda há uma névoa de ressaca – e gente de cabeça e orelhas quentes pelo que falou e ouviu no Facebook durante as eleições. As pessoas se engalfinharam com uma gana imprevisível. Foram semanas de quebra-pau explícito, em que cada lado defendia sua posição política com alguns argumentos, vários insultos e muito ardor. Pessoas bloquearam umas às outras, amizades (virtuais e reais) se desfizeram. Todo mundo acabou se envolvendo, ou sendo afetado, pelas brigas políticas de Facebook. Até quem não queria se meter nelas, mas viu a própria timeline tomada pelo fogo do Fla-Flu eleitoral – atiçado pelo farto compartilhamento de links com informações, tanto falsas quanto verdadeiras. Foi a primeira eleição a mexer de verdade com as redes sociais (e a ser, menos porém relevantemente, influenciada por elas). Vamos ver como serão as próximas.
1. “Ela”
Sabe aquelas coisas que estão bem na sua frente, mas você só enxerga quando alguém as destaca? São como elefantes invisíveis. Em 2014, o filme “Ela” fez isso com o maior do nosso tempo: os efeitos colaterais da tecnologia. Como a vida hiperconectada está alterando as emoções e os relacionamentos humanos – e o que vai acontecer conosco daqui a alguns anos, com a evolução desse processo (spoiler: não coisa boa). Uma transformação que já estamos vivendo, que sentimos em todos os momentos do dia, e sobre a qual conversamos melhor neste texto aqui. Se você não leu, leia. Se não viu o filme, veja. Sempre há tempo para refletir e mudar as coisas.
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É isso. Aquele abraço e nos vemos em janeiro!