Então é Natal, o ano termina e começa outra vez, etc. E a ciência segue nos ajudando a tomar decisões melhores – como na hora de dar presentes. Que coisa boa, né? Porque, se existe uma cena clássica de Natal, essa cena é aquele sorriso amarelo que as pessoas dão ao abrir certas lembrancinhas. Se você não quer receber uma reação do tipo, leia este post. Se não quer ter que dar esse sorriso, compartilhe-o com seus amigos e parentes. Assim, como quem não quer nada.
Três cientistas da Universidade Carnegie Mellon e da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, revisaram décadas de pesquisas sobre a psicologia de dar e receber presentes e descobriram que há um grande erro frequentemente cometido pelas pessoas. E esse erro é focar demais no momento e não no uso que quem recebe ele fará depois.
Em outras palavras, é querer que a pessoa e todo mundo na sala diga “UAU, QUE PRESENTE INCRÍVEL” – o que, na real, pode significar pensar mais em você (e no que os outros vão pensar de você) do que na pessoa que está presenteando.
Esse erro resulta em pelo menos sete combinações infelizes de expectativa e realidade. Quando for comprar seus presentes, pense se correrá o risco de cair em uma dessas situações:
- Você quer dar um bem material muito legal, como um eletrônico ou uma roupa da moda. Mas o destinatário prefere algo que lhe proporcione alguma experiência, como um cupom para um restaurante ou ingressos para um show.
- Você escolhe dar algo que pode ser aproveitado e/ou consumido imediatamente, como uma caixa de chocolates ou um buquê de flores enorme e colorido. Mas o destinatário prefere algo que possa aproveitar por um tempo maior, como uma flor que ainda está desabrochando ou algum objeto que vai permanecer na sua casa.
- Você acredita que quanto mais trabalho tiver para conseguir esse presente, mais ele será apreciado – então resolve fazer uma busca por um monte de lojas até encontrar a coisa ideal, ou então gasta um tempo enorme construindo algo com as suas próprias mãos. Mas a pessoa pode nem fazer ideia de quanto trabalho esse presente deu.
- O seu presenteado listou tudo o que gostaria de ganhar, mas você acha uma boa ideia escolher algo diferente e surpreendê-lo. Dica: se a pessoa listou o que quer ganhar, é porque ela quer ganhar aquilo mesmo. Não tem mistério.
- Você acha que quanto mais caro um presente, melhor. Mas quem recebe um presente geralmente não liga muito para o preço. Então entre aquele casaco de marca caríssimo que ele vai usar uma vez na vida, se decidir passar um inverno na Rússia, e uma camiseta mais baratinha, mas que vai certamente ser usada direto, prefira a segunda opção.
- Você quer mostrar para a pessoa o quanto a conhece, então lhe dá um vale compras em sua loja preferida. Mas a pessoa pode preferir algo mais versátil, como um vale compras que pode ser usado em qualquer loja.
- Você quer dar algo de altíssima qualidade, mesmo que seja complicado de usar, como um liquidificador que também é batedeira, mixer, processador e sabe-se lá o que mais. Mas as pessoas geralmente preferem algo mais simples e eficiente para suas necessidades, mesmo que não seja de última geração. Portanto, se a sua mãe só precisa mesmo de uma batedeira, dê uma simples batedeira para ela. (Assinado: a filha que uma vez deu para a mãe uma máquina de café que fazia mil bebidas diferentes e nunca a viu ser usada mais de cinco vezes).
Esses casos não são regra, mas são frequentes. E a boa notícia é que escolher um presente pode ser mais simples do que se pensa – desde que você deixe o seu ego um pouco de lado e foque em como o destinatário vai usá-lo quando você não estiver olhando. Só não vale dar roupa de baixo ou meias, tá? Para ajudar no bom senso, os autores lembram que pode ser útil se colocar no lugar da pessoa e pensar no que você faria com o presente se o recebesse.
Você pode ler o artigo científico aqui.