Cura, cura mesmo, não tem. Mas há caminhos para enfrentar sua alergia até o ponto de eliminar os sintomas. Cada pessoa responde aos tratamentos de um jeito, mas um alérgico a gato tem chance, sim, de conviver com o bichano sem passar mal o dia inteiro.
Vale uma explicação antes. Não é o pelo do gato em si que provoca espirros e tosse, coceira no nariz, garganta e olhos, obstrução nasal, coriza, manchas vermelhas pelo corpo e, nos casos mais graves, até dificuldade de respirar. A causa das crises alérgicas é uma proteína chamada Fel d 1, presente na saliva do animal. Essa proteína se liga à pele seca do gato, que se desprende como caspa e flutua no ar depois que o bicho se dá aquele banho de língua. Com isso, um alérgico pode ter reações mesmo quando o gatinho não está por perto. Os alérgenos do gato têm um sexto do tamanho do pólen e podem levar meses para desaparecer de um ambiente.
Sabendo disso, é possível tomar uma série de providências para minimizar os danos. Começando por você: procure um médico alergista para conferir se seu problema tem a ver com o gato mesmo. Um teste simples é capaz de revelar se sua alergia é do contato com o bichano ou tem outros motivos, como ácaros na sua casa ou as flores dentro do apartamento. Se a causa for o felino, vale contar com o que a medicina tem a oferecer: anti-histamínicos, corticoides nasais ou orais ajudam a diminuir os sintomas. A imunoterapia também é capaz de excelentes resultados.
E aí partimos para mudanças na sua casa. Uma das principais é estabelecer limites: o quarto em que você dorme deve ser um território só seu, não dele. (Ok, é difícil com um bichinho tão mandão, mas vale a pena tentar.) Se for impossível, use capas especiais para evitar que os alérgenos penetrem no seu colchão e travesseiros.
E repense a decoração. Um tapete pode acumular até cem vezes mais alérgenos do que um piso de madeira.
Fabricantes de ração também buscam formas de mitigar o problema. A Purina, por exemplo, vende desde 2021 um alimento para gatos com uma proteína que neutraliza em parte a Fel d 1. De acordo com a empresa, a redução nos alérgenos é de 47% a partir da terceira semana.
Mais: pesquisadores do Long Island College Hospital (EUA) concluíram que os donos de gatos de cor escura são mais propensos a relatar sintomas de alergia do que aqueles com bichanos de cor mais clara. E que as fêmeas produzem um nível mais baixo de alérgenos do que os machos.