Não, elas não se importam. Para elas, tanto faz se um membro do rebanho tem cor diferente. Ovelhas, como gatos, são domesticadas há milênios. Após tanta convivência, acabaram associadas às superstições humanas – mas só na cabeça dos humanos, mesmo.
O sistema de determinação de cor nas ovelhas é simples de entender – e, por incrível que pareça, torna mais fácil estatisticamente o nascimento de ovelhas negras que o de ovelhas brancas.
Existem diversas versões do gene BLACK – que podem tingir a ovelha inteira, só as extremidades das patas ou só o rosto. Também há genes BLACK para ovelhas malhadas, que pintam manchinhas aleatórias aqui e ali, e genes BLACK meio capengas, que não tingem na potência máxima e tornam a ovelha marrom.
Você deve se lembrar, das aulas de ensino médio, do trabalho do monge austríaco Gregor Mendel com ervilhas – que, no século 18, levou à descoberta do mecanismo de transmissão de características hereditárias por meio de genes recessivos e dominantes.
O resumo da ópera é: você carrega duas versões de um gene que exerce a mesma função (chamadas alelos). Uma herdada do pai, outra da mãe.
No caso das ovelhas, o gene para lã branca é simplesmente um gene que não produz pigmento – de maneira que, se a ovelha herdar apenas algum dos genes BLACK de apenas um dos pais, isso será suficiente para anular o efeito do gene branco. Isso torna o gene branco recessivo, e o preto, dominante.
Os genes BLACK, vale dizer, são co-dominantes, isto é: se a ovelha herdar o gene BLACK nas patas da mãe e o gene BLACK do rosto do pai, ela nascerá com as patas e o rosto brancos.
Fonte: Dinossauros podem ser adestrados?, Henning Wiesner; Color Patterns in Sheep, Universidade de Indiana.