Há algumas soluções. Caso o planeta possua atmosfera, mesmo que tênue, os astrônomos podem determinar uma pressão atmosférica padrão. Ela corresponde ao nível do mar. Qualquer local com pressão mais baixa está acima do nível do mar, qualquer lugar com pressão mais alta está abaixo do nível do mar.
Quando a sonda Mariner 9 visitou Marte, em 1971, o marco zero escolhido foi de 610,5 Pa – o que é 165 vezes menor que a pressão atmosférica da Terra no nível do mar (o ar do Planeta Vermelho é muito rarefeito).
Atualmente – de acordo com este relatório sobre a padronização de constantes cartográficas e sistemas de coordenadas marcianos produzido pela Nasa e o Serviço Geológico dos EUA – o método da pressão atmosférico foi substituído por algo mais abstrato: um esferoide (isto é, uma bola ligeiramente achatada) com 3396,19 km de raio na vertical e 3376,2 km de raio na horizontal.
De acordo com Simon O’Toole, do Observatório Astronômico Australiano, na Lua, que nem atmosfera tem, o jeito é calcular o diâmetro médio da esfera. Como a Lua, bem como qualquer outro corpo celeste, também é um esferoide, a diferença entre o raio no equador e o raio medido de polo a polo também é levada em consideração.
Para os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno – que, com exceção de um provável núcleo rochoso, consistem em uma imensa atmosfera –, este documento da União Astronômica Internacional recomenda que se utilize o ponto em que a atmosfera atinge a pressão de 1 bar, mais ou menos equivalente à pressão de uma atmosfera terrestre.
Vale lembrar, em uma nota deprimente, que o nível do mar na Terra é uma ilusão: graças às marés e outros fenômenos, há pontos da superfície dos oceanos que ficam acima ou abaixo do que seria o “nível do mar”. Modelos do planeta detalhados gerados por geólogos e geofísicos podem usar diferentes esferoides de referência conforme a necessidade.
Pergunta de Rivaldo Junior, Surubim, PE