Não. Primeiro porque os planetas não formam um disco perfeito. O plano da órbita de Mercúrio, por exemplo, é inclinado 6,3 graus em relação ao plano da Terra (ele se tornou o recordista de inclinação depois que Plutão, com 17 graus, foi rebaixado à categoria de planeta-anão).
Ou seja: mesmo que Júpiter, Marte e cia. passassem todos pelo mesmo ponto da circunferência ao mesmo tempo, eles ainda estariam em alturas diferentes.
Mas você poderia dizer: “Isso é detalhe. Quero uma resposta decente”. Podemos ignorar a falta de alinhamento vertical e considerar simplesmente a possibilidade mencionada acima – repetindo: a de que eles passem todos pelo mesmo ponto da circunferência em torno do Sol ao mesmo tempo.
Há 360 graus de circunferência em torno do Sol. A fatia mais estreita que todos ocuparam juntos nos últimos 4 mil anos foi de 40 graus. A chance de que os planetas ocupem uma fatia bem fina, de 1,8 grau, por exemplo, é de uma a cada 396 bilhões de anos. E mesmo isso seria um quase alinhamento, com margem de erro de muitos milhares de quilômetros.
Problema: o Sistema Solar tem só 4,5 bilhões de anos, e o Sol morrerá daqui a 5 bilhões de anos. Diminua de 1,8 para 1 grau e o tempo entra na casa dos trilhões. Então a resposta é: não vai dar tempo.
Mesmo que tal alinhamento ocorresse, porém, é bom deixar avisado para os místicos de plantão que isso não geraria nenhuma anomalia gravitacional, tampouco teria qualquer efeito sobre a vida na Terra. Esse é um cálculo simples de fazer, que usa fórmulas de Ensino Médio da física newtoniana.
Pergunta de @polivalda, via Instagram.
Fontes: livro Mathematical Astronomy Morsels, de Jean Meeus; Júlio César Klafke, astrônomo.