O fenômeno, chamado em inglês de cross-sea, ocorre quando ondas formadas em locais diferentes, e que estão se propagando em ângulos diferentes, se encontram. E aí há o risco de que suas cristas formem um ângulo reto (90º).
“De maneira geral, na costa brasileira não observamos esse fenômeno, em função da natureza das ondas que a atingem”, diz Eduardo Siege, professor do Instituto Oceanográfico da USP. “As ondas mais energéticas que recebemos ao longo da nossa costa variam menos de direção.”
Um exemplo de local onde a anomalia é verificada com frequência é a Ilha de Ré, na França. Sinal de que você deve dar ré e ir embora: o mar cruzado representa um perigo para as embarcações, que buscam sempre cruzar as ondas “de frente”, para não virar. Em situações de cross-sea, se você tenta encarar uma de frente, a outra te pega de lado.
Para saciar a curiosidade do leitor, um outro dado ligeiramente relevante: 524 metros. Essa foi a altura que alcançou a maior onda já registrada: um tsunâmi no Alasca em julho de 1958, após um terremoto de 7,8 na escala Richter. Ele causou um deslizamento de terra de uma altitude de quase 1.000 metros, que caiu na água de uma pequena e estreita baía. Receita para o desastre.
É bom explicar, porém, que esse não era o tamanho da crista da onda em si – e sim a altitude máxima que a água alcançou no terreno em volta, que era bastante montanhoso. Pode parecer decepcionante para quem imaginou um paredão líquido da altura de um arranha-céu. Mas o tanto de energia que a água precisou para subir meio quilômetro não é brincadeira.