A princípio, nenhum. A psicanálise não é uma profissão regulamentada, mas de livre exercício no Brasil. Isso permite que qualquer pessoa abra um consultório e coloque uma plaquinha de psicanalista na porta. Não há um conselho para orientar, fiscalizar e disciplinar quem oferece o serviço nem acolher denúncias contra picaretas. Se alguém sentir que foi lesado nessa prestação de serviço, precisa ir direto para a Justiça comum. Também não existe faculdade de psicanálise. Só cursos livres.
É diferente para quem vai trabalhar como psicólogo, claro. A profissão está regulamentada no país desde 1962. Para atuar na área, é obrigatório ter curso superior de graduação em Psicologia, reconhecido pelo MEC, com duração de cinco anos. E ainda obter registro do Conselho Regional de Psicologia.
Mas quais as diferenças entre psicólogo e psicanalista? O primeiro deve ser capaz de atuar em psicoterapia e fazer diagnósticos das condições psicológicas de um indivíduo. Também tem a chance de se voltar para o mundo acadêmico, estudando o comportamento humano. O profissional pode ter sua própria clínica ou trabalhar em hospitais, escolas e empresas (geralmente nos departamentos de RH).
Já o psicanalista sem curso superior em outra área relacionada à saúde mental só pode trabalhar no seu consultório mesmo. A psicanálise, criada por Sigmund Freud na virada do século 19 para o 20, é uma ramificação da psicologia. Em vez de oferecer uma terapia propriamente dita, a ideia é investigar o inconsciente do indivíduo por meio do que ele conta sobre seu dia a dia, seus sonhos, seus atos falhos. O objetivo é que, com o direcionamento do psicanalista, a pessoa chegue às próprias conclusões sobre a origem desconhecida do seu sofrimento mental – derivado de emoções e traumas reprimidos. Está mais para uma técnica que leva ao autoconhecimento. E a partir daí é com o paciente: uma vez que os sentimentos doloridos chegam à consciência, a chance de lidar melhor com o mal-estar tende a ser maior.
O que geralmente acontece são psicólogos ou médicos psiquiatras, formados, procurarem cursos de especialização em psicanálise, por ver benefícios nos métodos derivados da disciplina de Freud.
Se você tem ansiedade, depressão, fobias ou simplesmente quer se entender melhor via psicanálise, aqueles com formação superior em Psicologia ou Medicina tendem a ser os mais indicados. (Saiba como começar a fazer terapia nesta matéria da Super.)
Fonte: Conselho Regional de Psicologia da Bahia; Sueli Duarte, psicóloga especializada em psicoterapia de orientação psicanalítica.