Simples: ela não reproduz. O preto que você vê na TV de tubo é o mesmíssimo tom acinzentado de quando a tela está desligada. Acontece que o nosso cérebro interpreta a mesma cor de maneiras diferentes quando a vê pura e quando a vê acompanhada de outras cores, no contexto da cena em que está sendo exibida.
De acordo com o psicólogo cognitivo Steven Pinker, de Harvard, esse é o mesmo fenômeno que permite que você identifique uma bola branca em uma sala escura como sendo branca – mesmo que, na prática, ela esteja cinza por causa da baixa luminosidade. O mesmo vale para um pedaço de carvão perfeitamente preto em uma sala bem iluminada. Ele fica cinza na prática por causa da luz incidente, mas seu cérebro sabe que ele é preto – e faz a compensação necessária.
“Nossa sensação consciente de cor e luminosidade corresponde ao mundo como ele é em vez de o mundo como ele se apresenta aos olhos”, escreve Pinker no livro Como a mente funciona. “O medidor de luz de um fotógrafo mostraria a você que mais luz ricocheteia de um pedaço de carvão que está ao ar livre do que de uma bola de neve dentro de casa.”