A resposta depende do tamanho, da distância e de algumas outras minúcias sobre a órbita desse segundo satélite imaginário, bem como da maneira como a Terra o adquiriu. Algumas luas, como a nossa, são geradas dos detritos após uma colisão entre dois corpos celestes maiores – outras são bolonas de pedra que flutuam órfãs pelo espaço e acabam capturadas pela atração gravitacional de um planeta.
Diante de tantas variáveis, o jeito é escolher um cenário específico e calcular suas consequências. Em algumas configurações, a dupla de satélites pode ter resultados desastrosos para as marés; em outras, ela é inofensiva.
No livro What if the Earth had two moons (“e se a Terra tivesse duas luas”), o astrônomo Neil F. Comins sugere o seguinte: nossa Lua acompanhada de outro corpo de dimensões e massa parecidas, localizado à metade da distância da Terra.
Ele dá um relato imaginário detalhado de como a Terra teria obtido esse satélite originalmente e do que teria sido diferente na história do nosso planeta por causa de sua presença.
A essa distância, a lua extra ocuparia uma área quatro vezes maior no céu – e iluminaria o céu noturno num grau tal que seria possível ler à noite sem luz artificial.
Comins calcula que as marés seriam 6,3 vezes maiores do que são hoje. Ou seja: aquela faixa de praia intermediária, que fica submersa na maré alta e exposta na maré baixa, seria muito mais larga.
O fluxo redobrado de água para lá e para cá aumentaria a erosão dos litorais (água mole em pedra…) e acentuaria o fenômeno chamado pororoca ou macaréu – em que a maré alta empurra o mar para dentro de um rio, contrariando seu movimento natural de deságue no oceano e gerando ondas surfáveis.
Cidades litorâneas, portanto, não durariam muito: ruas e construções muito próximas da água estariam fadadas a se desmanchar conforme o mar desgastasse a praia.
,É provável que as civilizações da Antiguidade tivessem se desenvolvido de maneira diferente, em assentamentos urbanos interioranos, sem uma dependência tão grande de portos, embarcações e pesca.
Pergunta de @isabela_lobo, via Instagram.