Por Darllam Cruz
Você já parou para pensar em quantos filmes você viu recentemente que não foram dirigidos por homens brancos? A diversidade não é o forte de Hollywood. A indústria cinematográfica americana tem um histórico de exclusão, e também de pessoas que conseguiram quebrar esse teto de vidro e se estabelecer, não sem dificuldades, nessa cultura hegemônica. Esse ano, todas as pessoas indicadas nas categorias principais do Oscar são brancas, e não há mulheres entre os diretores indicados. A única pessoa que foge um pouquinho do padrão é o mexicano Alejandro Gonzáles Iñárritu, diretor de Birdman (que, apesar de latino, é homem e branco).
A SUPER preparou uma lista com alguns cineastas que quebraram e continuam quebrando paradigmas em Hollywood levando para a telona temas, visões e sensibilidades diversas. Deixamos de fora os diretores alternativos, claro, para deixar mais clara a noção de que não é tão fácil encontrar exceções aos padrões de Hollywood.
1. Spike Lee
O diretor Spike Lee foi por muito tempo a voz negra mais proeminente em Hollywood. Em filmes como Faça a Coisa Certa, de 1989, e Malcolm X, de 1992, o diretor contemplou a temática racial e abriu as portas para uma discussão acerca dos direitos civis, racismo, segregação, crimes urbanos, pobreza e outros problemas sócio-políticos. Mesmo sendo um divisor de águas, levando o cinema do gueto para o grande público, a Academia fez vista grossa para o diretor. Ele foi indicado somente pelo roteiro de Faça a Coisa Certa e pelo documentário 4 Little Girls, de 1997.
2. Jane Campion
Em 1976, a italiana Lina Wertmüller foi a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção, pelo filme Pasqualino Quatro Belezas. Desde lá, o Oscar tinha uma tradição de ignorar diretoras que só foi quebrada por Jane Campion, em 1994, pelo drama O Piano. O filme, aclamado pela crítica e pelo público, foi indicado a oito Oscars e acabou levando os prêmios de Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Original, para Campion. Ainda que um pouco esquecida pela indústria, Campion continuou a realizar filmes, lançando o mais recente, O Brilho de uma paixão, em 2009. Seu trabalho mais recente foi a excepcional minissérie para a televisão Top of the Lake.
3. Sofia Coppola
Completamente execrada depois da sua atuação na parte final da trilogia O Poderoso Chefão, dirigida por seu pai, Francis Ford Coppola, Sofia Coppola passou por uma reinvenção por trás das câmeras. Seu filme de estreia, As Virgens Suicidas, foi um prelúdio da carreira de Sofia como diretora: uma voz singular na captura da melancolia e solidão. Com seu filme seguinte, Encontros e Desencontros, de 2003, Sofia Coppola conseguiu ser a terceira mulher a ser indicada ao prêmio de Melhor Direção no Oscar.
4. Kathryn Bigelow
Kathryn Bigelow vinha de uma carreira de filmes menores até tomar o mundo de assalto com Guerra ao Terror, drama implosivo sobre um grupo de soldados que desarmam bombas na Guerra do Iraque. O filme foi a sensação do Oscar de 2010: levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Mas Guerra ao Terror fez história por fazer com que Bigelow, quarta e última mulher indicada ao prêmio, fosse a primeira a levar o Oscar de melhor diretora. Posteriormente, Bigelow dirigiu A Hora Mais Escura sobre a caçada e a captura do terrorista Osama Bin Laden, e, embora tenha sido cotada pela crítica como mais uma possível indicação, acabou ignorada.
5. Steve McQueen
Steve McQueen não tem uma filmografia extensa, tendo lançado apenas três longas: Fome, de 2008; Shame de 2011 e 12 Anos de Escravidão, de 2013. Mas a carreira do diretor, negro e britânico, foi proporcional à qualidade de seus filmes: a história de Solomon Northup, contada em 12 Anos de Escravidão, arrebatou o público e a crítica e se tornou um dos maiores sucessos do ano. Mesmo não levando o Oscar de melhor diretor, o longa ganhou vários outros prêmios e fez com que McQueen se tornasse o primeiro cineasta negro a levar o prêmio de Melhor Filme.
6. Ava DuVernay
A diretora Ava DuVernay dirigiu em 2014 o filme Selma, sobre os bastidores do movimento negro nos Estados Unidos na década de 60, focando na marcha das cidades de Selma até Montgomery, momento fundamental na luta pelo direito de voto dos negros e nas barreiras quebradas com esforço por ativistas do movimento, liderados por Martin Luther King Jr. (David Oyelowo). O filme reverberou tanto por sua qualidade quanto por seus paralelos com a crise racial que os Estados Unidos enfrentam atualmente. Pelo filme, DuVernay se tornou a primeira mulher negra a ser indicada ao prêmio de Melhor Direção no Globo de Ouro, mas a Academia não foi tão convidativa: o longa recebeu indicações apenas para Melhor Filme e Melhor Canção Original.